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Terno Rei e Boogarins: os metais do rock alternativo no MADA

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O público do festival ficou contagiado com a energia das bandas paulista e goiana

O Festival Música Alimento da Alma (MADA) de Natal (RN) contou com rock brasileiro nas versões alternativas da banda paulista Terno Rei e dos goianos do Boogarins, que agitaram os palcos do Arena das Dunas na sexta (23) e no sábado (24), respectivamente.

Esta edição do festival ficou bem parecida com as anteriores, seguindo o esquema de palco duplo, com o complemento da agitação do público —carente de ver os artistas favoritos ao vivo, depois de dois anos de pandemia— à espera de ver os artistas da vez, lotando a pista do festival.

Se na sexta o grupo de São Paulo procurou fazer o pessoal se envolver com os vocais suaves de Ale Sater, somados aos sintetizadores e metais brandos característicos da banda, no dia seguinte a banda de Goiânia trazia uma sonoridade psicodélica fissurante: havia uma catarse ver Dinho Almeida agitando a sua guitarra, enquanto o suor esvoaçava entre as luzes frenéticas do palco.

O grupo que lançou gēmeos em março deste ano chegou trazendo metais de um jeito leve e, ao mesmo tempo, agitado em alguns momentos: alguns fãs ficaram divididos em querer ver o show do Terno Rei fazer o pessoal pular e ter vontade de ouvir o que é apelidado por brincadeira de rock triste (se é que é possível resumir em um único adjetivo o talento da banda, não é mesmo?).

Greg Maya (à esquerda) e Ale Sater (à direita) no show de sexta-feira (23) do MADA. Fotos: José Félix

A banda que lançou Manchaca em dois volumes, coincidentemente nos anos de pandemia, trouxe um show que explorou não só o trabalho mais recente da banda, como também foi levando ao vivo as músicas que a galera pedia aos Boogarins avidamente.

Tamanha era a energia do pessoal que o Benke Ferraz não se conteve em dizer que a animação do público potiguar era incrível ou, melhor dizendo, “muito doida”.

Raphael Vaz (‘Fefel’) à esquerda na foto e Dinho Almeida à direita no show de sábado (24) do MADA. Fotos: José Felix

Conversa com os músicos

Terno Rei

O vocalista Ale Sater, da banda Terno Rei, contou rapidamente como a turnê pelo Nordeste tem sido positiva para o grupo, além de conversar um pouco sobre a transição de sonoridades. O trabalho gēmeos tende a ser mais nostálgico, lembrando um pouco do rock brasileiro dos anos 2000, diferentemente de Violeta (2019), cuja parte instrumental é mais calma: o ponto em comum são as letras bastante sentimentais em ambos. Quanto aos shows, o grupo esteve tocando na Bahia recentemente.

Alê Sater falou sobre como o calor do público tem sido incrível com o novo disco gêmeos. Foto: Jefferson Tafarel

Jefferson Tafarel (Elo Jornal): Como vocês estão vendo a recepção dos shows de vocês pelo Nordeste?

Alê Sater: Acho que é o lugar que a gente mais gosta de tocar. Tem lugares que a gente já foi e voltou muitas vezes, tipo Maceió, Fortaleza e aqui em Natal mesmo. A gente tocou no Festival DoSol e agora vamos tocar no MADA. E quando você volta pra o lugar, sempre volta mais forte. Então tem sido incrível: é um público mais quente, que canta junto. É legal porque às vezes a gente faz tour no Sul e no Sudeste, e sente saudade do Nordeste. Aí quando tá acabando o Nordeste, fala assim “tá na hora de voltar pro Sul”. Então, é legal você misturar as coisas, é bom e eu gosto.

Jefferson Tafarel (Elo Jornal): Como o público tem reagido à mudança de sonoridade do novo disco?

Alê Sater: Cara, muito bem. Acho que tem gente que gostava muito do Violeta que gosta muito do gêmeos, enquanto tem muita gente que começou a gostar também [do gêmeos], por causa dessa nova onda. É uma coisa que a gente sempre tenta fazer, de mudar um pouco, de trazer alguma coisa nova quando faz um disco novo, uma música nova. E foi essa a novidade que a gente trouxe dessa vez. Tá sendo muito bem recebido, ainda bem.

Boogarins

Depois de agitarem o começo do sábado do festival, no momento da entrevista os integrantes da banda Dinho Almeida, Fefel (Raphael Vaz) e Ynaiã Benthroldo, estavam aproveitando a brisa fresca próxima a entrada Rockstage do MADA. Antes de Natal, a banda já tinha tocado na terra de origem do quarteto, passando também em Londrina (PR) e em Ponta Grossa (PR). E por falar em viagens, a banda já é destaque em outros países, vide a passagem pelos Estados Unidos.

Dinho, Fefel e Ynaiã falaram sobre como o show foi bem recebido no MADA. Foto: Jefferson Tafarel

Jefferson Tafarel (Elo Jornal): Durante a produção dos discos Lá Vem a Morte (2017) e Sombrou Dúvida (2019) vocês estavam viajando por vários lugares. Como isso tem contribuído para as novas produções musicais de vocês?

Ynaiã Benthroldo: Cara, foi bem doido, porque a gente começou a produzir no meio desse caos que foi esses últimos dois anos. E esse novo caos mexeu na estrutura da banda, em todos os sentidos: no sentido mais prático que era estar sempre junto, tocando, gravando, viajando; e no sentido de que a gente mudou, cada um foi para uma cidade. Neste ano, a gente teve uma perspectiva diferente, de gravar aqui no Brasil, sem viajar muito, no mesmo pique que a gente estava. Quando a gente gravou os outros discos, a gente sempre estava em turnê, daí a gente parava, voltava [para produzir os discos], e depois voltava para os shows. E a gente ficou nesses dois últimos anos aqui no Brasil, teve que se virar e tá sendo legal a experiência. Tivemos alguns encontros esse ano e só o fato de a gente estar em casa, com a nossa comida, nosso paladar, fazendo experiências… é outra fita.

Jefferson Tafarel (Elo Jornal): O álbum Manchaca (2020 e 2021) tem muitas experimentações. Como vocês pensaram em trazer essa característica para os shows?

Dinho Almeida: Pior que a gente nem pensa muito não (risos). Manchaca é uma compilação de demos, de músicas que não entraram em outros discos.

Jefferson Tafarel (Elo Jornal): Tem uma música (Começa em Você) que vocês até dizem no final: “Seria melhor a gente não ter feito essa parada”.

Dinho Almeida: Essa ainda tem um formato de canção. Porque elas eram takes das músicas que a gente não sabia se iria ser para sempre. Eram ideias de músicas que a gente ia completar, mas que a gente acabou lançando daquele jeito, nesses dois volumes, justamente pra mostrar esse bastidor criativo da banda: esse lugar onde as coisas estão inacabadas, mas na verdade já é uma música. Então, na hora de passar para o show ao vivo, assim como todas as outras músicas, desde as canções do álbum As Plantas que Curam (2013), já é um processo de falar: “Galera, vamo trazer essa música para o show, para a realidade”, fazendo ela ser forte no show, com as coisas que a gente consegue fazer forte no ao vivo. Acho que desde quando o Ynaiã entrou na banda, isso de tocar no ao vivo já foi para outro lugar e aí já se vão oito ou nove anos de aprimoramento dessa ‘tecnologia’, que é pegar as músicas que são muito experimentais dos discos e trazer ela para o show. Vai ser igual? Não. Mas vai ser forte.

Jefferson Tafarel (Elo Jornal): Vi que vocês tem um grupo de WhatsApp com os fãs da banda. Como essa relação próxima com o público contribui com as novas músicas que vocês estão desenvolvendo?

Dinho Almeida: Acho que contribui na vida. Inspiração é essa ideia que a gente tá trocando aqui, é a
breja que a gente bebe, é tudo. Então ter esse contato direto com quem gosta de nosso som é massa.

Jefferson Tafarel (Elo Jornal): Vi que vocês gostaram bastante da galera daqui também.

Dinho Almeida: O pessoal pediu mais uma música e nunca tinha visto isso em festival. Quer dizer, já pedindo, mas nunca vi deixando a gente tocar mais uma (risos).

Jefferson Tafarel (Elo Jornal): Além do Fefel, algum de vocês tem algum projeto paralelo?

Fefel: O mais importante é o meu (todos riem).

Dinho Almeida: É o que é mais relevante, com shows. Mas o Benke produziu uma porrada de discos durante a pandemia. Então se alguém quer saber de projeto paralelo do Boogarins, tem que ver os discos que o Benke produziu.

Fefel: Tem o projeto Lala’s, feito com o [artista goiano] Bruno Abdala.

Dinho Almeida: Tem Guaxe, que eu fiz com Pedro Bonifrate [integrante da banda Supercordas] e
tem o disco da Betina também.

Jefferson Tafarel (Elo Jornal): A produção do disco do Fefel envolveu instrumentos inusitados, como a kalimba. Como é que vocês procuram esses novos sons?

Dinho Almeida: Kalimba tem uma história bonita.

Fefel: Kalimba tem uma história. Uma amigo nosso foi numa loja de instrumentos de percussão na Europa e ele trouxe um presente para cada um [da banda]. Meu presente foi muito especial porque foi uma kalimba e ele falou: “Tem que fazer só uma música com a kalimba” e até hoje eu tô usando e ela só tem três notas.

Resenha Relâmpago

Terno Rei

🟡Presença de palco: o suficiente pra galera ficar à vontade, bom pra quem quer curtir
agarradinho
🟡Reação do público: contagiante sem deixar a desejar
🟡Instrumentos: destaque para o sintetizador (Bruno Paschoal e Greg Maia)
🟡Músicas mais marcantes no show: Difícil, Sorte Ainda e Dia Lindo

Boogarins

🟡Presença de palco: hipnotizante, impossível deixar de ver por um só segundo, até pra
pegar o celular e gravar
🟡Reação do público: vibração em cada uma das músicas
🟡Instrumentos: menção honrosa para as guitarras (Dinho Almeida e Benke Ferraz)
🟡Músicas mais marcantes no show: Avalanche, Sombrou Dúvida e Correndo em Fúria

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