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Saúde

SAMU-RN registra aumento de atendimentos por Covid-19 em 2020

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“O mais complicado não é lidar com a exposição, mas o nosso emocional, ansiedade e sofrimento das famílias”, destaca o Técnico em Enfermagem, Tiago Viana.

Tiago Viana | Foto: acervo pessoal

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-RN) informou ao Elo Jornal que o número de chamadas de pacientes pedindo urgência aumentou no ano de 2020 em comparação aos outros anos. De acordo com a coordenadora Wilma Dantas, foram realizados mais atendimentos de solicitações de paciente com quadro de Covid-19 do que traumas no ano passado. Por esse motivo, o Estado aumentou o número de ambulâncias.

“O Samu RN teve um incremento de mais viaturas tipo UTI para suprir a necessidade do serviço, com isso temos hoje 10 ambulâncias UTIs e 28 básicas. O perfil dos chamados alterou: reduziu o número de chamados para trauma e aumentou o número de casos covid”, explicou a coordenadora. 

Se o paciente estiver em casa, a ambulância chega de 15 a 20 minutos para o atendimento, segundo o SAMU. Os casos de remoção entre hospitais demoram mais, na maioria das vezes, porque a prioridade é atender quem não tem o recurso e quem ainda precisa do socorro; quando o paciente está no hospital já existe uma equipe atendendo. “A remoção entre hospitais não tem como prever, depende de vários fatores”, acrescentou Wilma.

O técnico em enfermagem intervencionista, Tiago Viana, trabalha há 11 anos no Samu. Ele contou que nos últimos dias a realidade que enfrenta é passar horas com os pacientes dentro das ambulâncias, pela ausência de vagas nos hospitais, devido às unidades hospitalares não estarem em condições de receberem as pessoas que precisam de internação, com poucas vagas. “Essa é a realidade do nosso trabalho: Vemos muita gente morrendo, famílias assustadas, lidamos com a sobrecarga de trabalho, poucos insumos e oxigênio no limite em vários locais do Estado, tem sido difícil fazer nosso trabalho. Por isso que, em meio a pandemia, o que pregamos é que as pessoas mantenham o isolamento, se cuidem, cuidem dos idosos, evitem se expor”, relatou.

Tiago Viana | Foto: acervo pessoal

Para se proteger, os profissionais que atuam no serviço de urgência, utilizam alguns equipamentos de proteção individual específicos para estarem paramentados e evitarem a exposição ao vírus, tais como máscaras N95, Face Shields, toucas, óculos, aventais descartáveis e luvas. Além disso, Tiago Viana conta o que mais pesa para os socorristas do Samu. “O mais complicado não é lidar com a exposição, mas o nosso emocional, ansiedade e sofrimento das famílias. Hoje mesmo socorri uma idosa acamada que não tinha nenhum quadro de Covid, mas foi cogitado pela equipe e teríamos que removê-la para uma UPA, a família entrou em desespero pelo medo de que ela se contaminasse, isso também nos impacta, mas a gente sempre tenta acalmar a família”, contou.

Embora esteja sempre utilizando os equipamentos de proteção individual contra o novo coronavírus, o enfermeiro pegou a doença em março do ano passado, logo no início da pandemia, e nas últimas semanas viu o pai e a avó se contaminarem pela Covid-19.

“Isso acabou comigo psicologicamente. Meu pai e minha avó tiveram alguns sintomas graves no início, mas graças a Deus foram medicados em casa e não precisaram ser internados. Mas me coloco no lugar de quem não tem informação e não sabe como agir antes que a doença comece a ficar grave, é difícil”, descreveu Tiago.

Apesar da eficiência em salvar vidas, Thiago conta que o serviço de urgência recebe muitos trotes que podem atrapalhar o trabalho. “Infelizmente muitos não têm educação ou conhecimento da função do SAMU e com isso passam trotes, mentiras, pessoas que querem usar o serviço como se fosse ambulancioterapia, quando poderiam pegar um Uber, um transporte e chegar numa UPA ou hospital,” acrescentou.

Como funciona o atendimento do Samu

Hoje, quando uma pessoa liga para o Samu, a central de regulação médica repassa a chamada para um médico que avalia a situação relatada pelo solicitante. Após o médico analisar o quadro do paciente, mediante aos sinais e sintomas relatados, ele decide se fará uma orientação ou se deve ser enviado uma ambulância até o local do paciente. Se necessitar de uma viatura do Samu, os profissionais que atuam dentro das ambulâncias, recebem o endereço do local onde está a vítima, a situação e fazem de tudo para chegar o mais rápido possível até o paciente.

“As ocorrências são enviadas para o suporte básico de vida, que é a configuração de uma ambulância, tripulada por um técnico de enfermagem e condutor socorrista. Em muitos casos é acionado o Suporte Básico de Vida. Ao chegar no local, o técnico de enfermagem começa o processo de avaliação da vítima, sinais vitais e etc. Mas, o profissional já sai da base, sabendo se o paciente tem suspeita ou um quadro sugestivo de Covid”, detalhou o enfermeiro.

Foto: Divulgação | Sesap/RN

Caso o suporte básico do Samu entenda que o paciente tem um quadro mais grave e necessita de intubação, o suporte avançado é acionado, que envia um médico e um enfermeiro que pode intubar a vítima na própria viatura, faz as medicações intra hospitalar e encaminha para uma unidade se for o caso.

O Samu 192 /RN é um projeto do Ministério da Saúde em parceria com a Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap), que foi implantado em 2006. Sua base principal está localizada às margens da BR 304, no município de Macaíba, na região metropolitana de Natal.

O número dos atendimentos nem a porcentagem foram respondidos até o fechamento desta reportagem.

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