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Séries e Filmes

Resenha: Uma última chance para sorrir

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Ao unir audiovisual e futebol americano, dois dos principais hobbys de muita gente, a Netflix acertou na mosca com a série documental “Last Chance U”

(Foto: Twitter Netflix / Reprodução)

A série que aparentemente mostraria apenas a luta de jogadores universitários para chegar às grandes universidades e, posteriormente, à NFL, se mostra uma obra que vai além e aborda as questões econômicas e sociais que o futebol americano enfrenta com uma quantidade chocante de honestidade, humanidade e nuances.

Com certeza, o fã de futebol americano já viu ou ouviu falar de “Last chance U”. Porém, para você que ainda tenta despertar interesse no jogo da bola oval, a série pode apresentar algumas similaridades com os costumeiros peneirões do esporte mais tradicional do povo brasileiro, que para muitos garotos, são a última chance para sorrir.

Em suas quatro temporadas, a série trouxe o dia a dia de jogadores do Lions EMCC, da Junior College Football e também da Independence Community College of Kansas, da ICC.

Portanto, vocês irão emergir em dramas reais vividos por esses garotos. Pode parecer um sonho viver do esporte, ganhar uma bolsa de estudos para jogar, mas na prática não funciona bem assim.

Boa parte desses jogadores das chamadas ‘Community College’ está vindo de universidades maiores nas quais tiveram problemas. Seja por baixo desempenho acadêmico ou até envolvimento com crimes e drogas – e vocês irão presenciar isso na série.

(Trailer oficial da série “Last chance U”— Netflix)

Manter os jogadores academicamente qualificados para jogar é tratado como uma parte infeliz, mas inevitável, dos atletas na série. Grande parte dessa responsabilidade recai sobre os ombros da conselheira acadêmica Brittany Wagner e alguns professores, e envolve principalmente a compra dos materiais dos jogadores, ajudando-os a definir seus horários, implorando que participem das aulas, chamando a atenção e os castigando quando não conseguem fazer tarefas online simples.

Por baixo de tudo, é claro, está o sempre presente, mas não dito, tema racial. Todos os jogadores de destaque na série são negros, exceto os treinadores e administradores da faculdade, que são brancos.

A dinâmica racial é ainda mais desconfortável pela própria natureza do futebol universitário – onde os treinadores exercem autoridade absoluta – e pelo estilo de treinamento combativo dos coaches Buddy Stephens e Jason Brown.

Esqueçam aquele técnico paizão, amigo dos jogadores. Eles estão ali para levá-los ao título e para isso, usarão todos os artefatos possíveis. Entre sermões e rezas, eles tentam criar jogadores profissionais a partir de garotos.

Esta é uma série documental que vai agradar muito mais aos fãs do esporte do que um espectador eventual, porque quase todos os jogos são mostrados, treinamentos, com todas as emoções de estar acompanhando ao vivo, mas de um lugar muito mais privilegiado.

Porém, se você não é um fã, pode se interessar também, muito do documentário vai girar em torno dos dramas dos atletas, que também são estudantes, afinal.

Por isso, a série tem seu magnetismo. “Last Chance U” não oferece nenhuma solução. Simplesmente mostra o que eles estão passando, forçando o espectador a refletir sobre a ambiguidade moral de tudo isso.

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