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Cultura

“Poetas, Carecas, Bruxas e Lobisomens” completa 16 anos com homenagens a Nísia Floresta

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Bloco já virou tradição animando foliões no carnaval de Natal

Tradição de 16 anos em Ponta Negra, o Bloco “Poetas, Carecas, Bruxas e Lobisomens” foi uma das sensações do Carnaval em Natal neste sábado (22). Com homenagens a uma das maiores poetisas do Brasil, a potiguar Nísia Floresta, o bloco levou 15 mil foliões à Praça dos Gringos para brindar a alegria de celebrar a maior festa popular do mundo.

A irreverência é a marca registrada de quem se reuniu para dançar ao som de marchinhas e se encantar com os bonecos gigantes que saíram em cortejo pelas ruas do bairro.

Na multidão, a criatividade foi o destaque. Teve gente que misturou o sacro e o profano e foi à festa sem cerimônia; a família Shrek também estava por lá (veja galeria); o professor aposentado vestiu-se de Chaves, o personagem inesquecível da TV mexicana que faz a cabeça de gerações no Brasil há anos.

Roberto Cabral – o Chaves do Carnaval potiguar – era pura descontração. “O carnaval de Natal mudou muito. Hoje está totalmente revitalizado. Nós acompanhamos este bloco há bastante tempo. Eu gosto muito, minha mulher adora. Todo ano a gente vem caracterizado com uma fantasia diferente”, disse o aposentado, que estava acompanhado da mulher e da filha.

“Poetas, Carecas, Bruxas e Lobisomens” foi fundado numa época em que sequer existia Carnaval em Ponta Negra. Cartão postal da capital potiguar, o bairro inspirou o nome do bloco, criado pelo ilustrador e chargista Edmar Viana, que morreu em 2008. “Começamos sem grandes pretensões. Costumávamos reunir aqui cerca de mil pessoas e descíamos até o Ponto Sete (bar tradicional de Natal). Agora, dadas as proporções que o Carnaval da cidade tomou, os objetivos do bloco foram alcançados, que é exatamente dar essa dimensão à festa”, explica Hugo Manso, organizador do evento.

O nome – Poetas, Carecas, Bruxas e Lobisomens – retrata personagens que representam a dinâmica, a vida e a boemia de quem mora numa das regiões mais bonitas de Natal. “Edmar e eu éramos amigos de longa data. Nós fazíamos festa juntos, apreciávamos a lua, conhecíamos a história do lobisomem, víamos os carecas nos blocos carnavalescos e, portanto, ele criou esse nome. Inicialmente, não havia menção às bruxas. Elas surgiram a partir de nós, feministas, que temos a clareza de que a luta das mulheres é cotidiana”, explica Teresa Freire, coordenadora do bloco.

Nísia, a primeira feminista brasileira

A educadora, escritora e poetisa Nísia Floresta Brasileira Augusta nasceu em 1810, na então cidade de Papari, rebatizada depois com o nome da própria poetisa. Nísia é considerada a primeira feminista do Brasil e foi a grande homenageada do bloco “Poetas, Carecas, Bruxas e Lobisomens”, no sábado de Carnaval em Natal.

Aos 22 anos, ela publicou o livro “Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens”, o primeiro de suas 14 obras. Em 1838, aos 28, a escritora criou a primeira escola para meninas no Brasil. Revolucionária, Nísia viveu em várias cidades do país e também na Europa. A escritora e poetisa morreu em 1885. Além das obras de primor inigualável, Nísia deixou um legado de luta abolicionista, republicano e, sobretudo, feminista.

Com tantas contribuições para o Brasil, Nísia Floresta não poderia passar despercebida, nem mesmo durante a folia. “O carnaval do Poetas, Carecas, Bruxas e Lobisomens veio no sentido de resgatar as tradições culturais de Natal, que é trazer os blocos de rua, o maracatu, os bonecos, as fantasias, as crianças enfeitadas e livres. Este ano estamos homenageando Nísia Floresta, grande mulher e poetisa. A partir dela fazemos homenagem a todas as mulheres do RN que querem conquistar direitos e respeito”, pontua Teresa.

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