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Esporte

Patrocinadores: O papel social das empresas diante de más condutas de atletas dentro e fora de quadra

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É de grande importância para equipes esportivas manter patrocínios, para que assim, seus times possam custear salários e manutenção de suas atividades 

Imagem de Tania Van den Berghen por Pixabay

Mas qual o papel exato de um patrocinador para além do financeiro? Após diversos discursos de cunho homofóbico compartilhado pelo jogador do Minas Tênis Clube (Fiat/Gerdau/Minas), Maurício Souza, duas grandes marcas se manifestaram contra, isso porque a torcida do clube já estava exigindo da equipe algum pronunciamento de repúdio. O clube se calou por dias, e o atleta que também representou a seleção, continuou a atacar o público LGBT, inclusive debochando de quem criticava seu posicionamento. 

O silêncio do clube cessou na segunda (25), mas o que era esperado não aconteceu, o pronunciamento não vingou, a torcida, além de atletas LGBTs se sentiram atacados diante do que foi dito. “Todos os atletas federados à agremiação têm liberdade para se expressar livremente em suas redes sociais. O clube é apartidário, apolítico e preocupa-se com a inclusão, diversidade e demais causas sociais. Não aceitamos manifestações homofóbicas, racistas ou qualquer manifestação que fira a lei. A agremiação salienta que as opiniões do jogador não representam as crenças da instituição sócio-desportiva. O Minas Tênis Clube pondera que já conversou com o atleta e tem o orientado internamente sobre o assunto”, afirmou o clube em nota. 

A repercussão foi ainda maior, o crime – assim consta na constituição – foi interpretado como opinião, o preconceito velado de liberdade de expressão fez com que a Fiat Brasil e a Gerdau tornassem público o descontentamento com a forma como o clube lidou com o tema, além de nada ter sido feito sobre. Ambos os patrocinadores afirmaram que possuem compromisso com a diversidade e inclusão, e que esses seriam valores inegociáveis para as companhias. A Gerdau, a maior empresa brasileira produtora de aço, ressalta que decidiu patrocinar os times masculino e feminino do Minas pelo poder de inclusão da modalidade, que inclui atletas que representam bem a diversidade brasileira. Tanto a equipe masculina quanto a feminina possuem pessoas LGBTs não apenas entre atletas, mas também em comissão técnica. 

Após o pronunciamento das duas empresas, Carol Gattaz, capitã e central da equipe feminina Itambé/Minas se pronunciou em suas redes sociais, mostrando o descontentamento sobre a banalização da homofobia.  Ela é abertamente LGBT e luta pela causa. Após o post da Carol, muitos atletas se pronunciaram, em sua maioria, mulheres.

Os dizeres “Homofobia é crime. Racismo é crime. Respeito é OBRIGATÓRIO. Está na lei, garantido pela constituição. Já toleramos desrespeito, gracinhas e preconceitos disfarçados de opinião por muito tempo. CHEGA!” foram o basta da central da seleção feminina e do Itambé/Minas. Sheilla Castro, Gabi Guimarães, Pri Daroit, Thaisa Daher, Fabi Alvim, e o companheiro de equipe do atleta, Maique Reis, também compartilharam e comentaram sobre o assunto. 

Como repercutiu

Já conhecido por compartilhar pensamentos conservadores e altamente inflamáveis contra minorias, Maurício já tem uma conduta de “outros carnavais”, como dizem. Não é de agora, e sua contratação foi uma surpresa para a temporada 21/22 do Fiat/Gerdau/Minas, por boa parte da torcida tida como negativa. 

Após compartilhar em seu instagram uma HQ que o filho do Clark Kent se assume bissexual, ele então reflete na legenda: “A é só um desenho, não é nada demais (…) Vai nessa que vai ver onde vamos parar…” Note que, não apenas essa publicação foi feita, mas que essa em especial foi o estopim, além dos diversos stories condenando vivências LGBTs e também a participação de mulheres trans nos esportes, o que é um direito. 

Imagem: Redes Sociais/Instagram

Surpreso, mas não muito com a postagem, Douglas Souza também da seleção masculina brasileira decidiu então legendar a imagem em seu perfil, dessa vez com sua vivência, para provar que o colega de elenco estava errado e que aquilo era apenas preconceito. 

Vale citar que, nos Estados Unidos, em 1939 surgiu a primeira revista de história em quadrinhos publicada, apresentando o herói Superman. Esse personagem ainda não possuía a forma e as características de hoje, entretanto já era visto como um símbolo do bem, mas que assim como qualquer história, foi se adaptando para incluir novos personagens e representações. Com o sucesso das primeiras revistas em quadrinhos, o mercado para esse gênero expandiu-se e novas histórias foram e continuam sendo criadas e publicadas, é um fator muito característico a representação de ideias diversos, além de temas e representações políticas que passaram a ser debatidos nelas como forma de representar cada vez mais pessoas e discutir sem tabus e preconceitos diversas vivências. 

Imagem: Redes Sociais/Instagram 

“Engraçado que eu não “virei heterossexual” vendo os super-heróis homens beijando mulheres…” Inicia a legenda do atleta assumidamente gay. Orientação sexual não é opção e nem escolha, a reflexão estabelecida pelo Douglas foi essa. Se fosse uma escolha, provavelmente poucos LGBTs existiriam, afinal de contas, quem optaria por sofrer preconceitos, perseguições e correr risco de morte? Até porque o Brasil, apesar de ser um país que criminaliza o preconceito e permite o casamento e a adoção, continua sendo o líder mundial em assassinatos de pessoas LGBTs.

Até a finalização dessa pauta, o Minas Tênis Clube informou que o jogador foi multado e estará afastado por tempo indeterminado do Fiat/Gerdau/Minas. 

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