Esporte
Não conheço, mas já vi! #1
O Anzhi Makhachkala e o domínio que não saiu do papel
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Mesmo não sendo um aficionado por futebol, certamente você já viu esse escudo, leu ou escutou o nome desse clube em algum site ou noticiário esportivo no início da década de 2010. Após ser comprada por um bilionário russo, a equipe gerou uma expectativa de domínio do futebol local, que poderia alcançar até o nível continental. O grande problema é que essa hegemonia ficou apenas no mundo das ideias. Oriundo de uma das repúblicas pertencentes à Rússia, conheça o Anzhi Makhachkala.
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A equipe carrega o nome, de difícil pronúncia, da sua cidade natal: Makhachkala, capital do Daguestão, uma das maiores repúblicas da Rússia, situada no sudoeste do país e no norte do Cáucaso. Fundado em 1991 por Aleksandr Markarov, ex-jogador do Dínamo, o outro clube da capital, e pelo empresário Magomed-Sultan Magomedov, o time manda seus jogos na Anzhi-Arena. O estádio comporta cerca de 26.500 torcedores.
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O início
Nos primeiros anos de existência, o Anzhi começou atuando nas divisões regionais do Daguestão, sendo formado apenas por jogadores daquela área. Com o rápido domínio, e percebendo o potencial do projeto, seus donos logo trataram de transferir o clube para os níveis inferiores do Campeonato Russo. Depois de alguns anos lutando nas ligas menores, mesmo com a equipe ainda sendo composta quase que completamente por jogadores do Daguestão, a Águia conseguiu atingir as principais competições do futebol russo.
Em 1999, liderado em campo pelo meia-atacante Narvik Sirkhayev, o Anzhi foi campeão da Primeira Divisão (a Série B do país) com 86 pontos, conquistando o histórico acesso para a Premier League Russa de 2000. E já em seu primeiro ano, surpresa. Com o brilho do centroavante iugoslavo Predrag Randelovic, autor de 12 gols, a equipe somou 52 pontos e terminou em 4° lugar, deixando clubes como Dínamo Moscou, Zenit e CSKA para trás.
Já na temporada seguinte, o primeiro título de expressão quase veio. Apesar da 13ª colocação no campeonato nacional, o time chegou à final da Copa da Rússia. Depois do 1 a 1 no tempo normal, a derrota para o Lokomotiv Moscou veio nos pênaltis por 4 a 3. No entanto, houve conquista mesmo com o revés. Como o Lokomotiv acabou com o vice-campeonato nacional, o Anzhi herdou uma das vagas do país nas competições europeias. A primeira participação em torneio continental na história da clube. A Copa da UEFA era a próxima parada.
O período de frustrações
No entanto, a temporada 2001–02, que o clube esperava que fosse mágica, logo se tornou um pesadelo. No certame europeu, o sorteio definiu o Rangers, da Escócia, como adversário. Com uma situação instável na Chechênia e no Daguestão por conta de conflitos, ao invés dos costumeiros jogos de ida e volta, a UEFA definiu Varsóvia como sede do confronto único entre as equipes. Os escoceses venceram por 1 a 0 e avançaram para a próxima fase. No campeonato nacional, míseros 25 pontos em 30 jogos resultaram numa 15ª colocação e rebaixamento.
Apesar do descenso, os dirigentes do Anzhi acreditavam em uma volta rápida para a elite, tendo em vista o retrospecto recente da equipe. Não podiam estar mais enganados. A eliminação para o Rostov na semifinal da Copa, já na temporada 2002–03, foi o mais próximo da felicidade que o clube alcançou em tempos. Foram sete anos de luta até o título da segunda divisão em 2009 e a volta para a Premier League da Rússia de 2010. O retorno não passou de mediano. Apenas 11° colocado na Liga e eliminado na primeira fase da Copa para o Alania Vladikavkaz. Entretanto, 2011 era o ano que prometia marcar um novo rumo na vida da Águia.
Prometia…
Dono bilionário, contratações caras e nenhum título
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No dia 18 de janeiro de 2011, os torcedores do Anzhi vislumbraram um novo futuro. E ele se mostrava bonito. O clube foi comprado pelo bilionário russo Suleiman Kerimov, que alcançou esse status adquirindo ações de ex-estatais da União Soviética, após a sua dissolução em 1991. A revista estadunidense Forbes estimava sua fortuna em 5,5 bilhões de dólares, valor que o colocava como um dos 150 homens mais ricos do mundo à época. Kerimov chegou com o plano de investir 200 milhões de euros nos Yellow-Greens, incluindo a construção de uma nova arena com capacidade para 40 mil pessoas.
Para a surpresa de ninguém, o novo endinheirado do futebol chamou atenção global, principalmente dos jogadores. Não demorou para contratações a peso de ouro desembarcarem para um desafio no frio russo. O brasileiro Roberto Carlos foi a primeira aquisição bombástica. Apesar de ter deixado o Corinthians de forma gratuita após a eliminação na Pré-Libertadores para o Tolima, o lateral-esquerdo chegava para receber um salário anual de 15 milhões de reais, mesmo estando com 37 anos.
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Outro que deixou a equipe de Parque São Jorge em direção à Rússia foi o volante Jucilei. A transferência custou 23 milhões de reais. Diego Tardelli também partiu, custando 11,5 milhões. O Anzhi ainda pagou 14 milhões de euros ao PSV pelo húngaro Balazs Dzsudzsak, além de 15 milhões ao Chelsea pelo russo Yuri Zhirkov.
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E ainda faltava a cereja do bolo. Um atleta que causasse impacto mundial e que pudesse ser a grande referência técnica dentro de campo. Problema que foi rapidamente resolvido por Kerimov. Recém-campeã da Champions League, a Internazionale de Milão aceitou uma proposta de 27 milhões de euros por Samuel Eto’o.
Na Rússia, o atacante camaronês se tornaria o jogador mais bem pago do mundo, recebendo cerca de 20 milhões de euros anuais. Para completar, no início de 2012, o clube acertou a contratação do renomado técnico holandês Guus Hiddink. No meio da temporada, Lassana Diarra, ex-camisa 10 do Real Madrid, chegou custando 5 milhões.
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Estrelas contratadas, elenco fechado. Era hora de colher os frutos em forma de títulos. Pena para o Anzhi que eles nunca vieram. Na temporada 2011–12, quinta colocação no Campeonato Nacional e vaga na UEFA Europa League. A época 2012–13 foi quando tudo parecia que ia dar certo, mas não deu.
Foi durante ela que mais uma contratação de impacto desembarcou na Rússia. No dia 1° de fevereiro de 2013, o Anzhi pagou 35 milhões de euros ao Shakhtar Donetsk pelo brasileiro William, que se tornou a contratação mais cara da história do clube.
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Ao final, os resultados não foram os esperados. Na Premier League, terceira colocação, 11 pontos atrás do campeão CSKA. Na Copa, mais uma vez a equipe de Moscou atrapalhou os planos do Anzhi: na final, após o empate por 1 a 1, a derrota veio nos pênaltis por 4 a 2, com Zhirkov e Jucilei desperdiçando suas cobranças.
Na competição europeia, o time eliminou o Honvéd, da Hungria, Vitesse e AZ Alkmaar, ambos da Holanda, para alcançar a fase de grupos. Lá, classificou-se ao mata-mata em segundo lugar, atrás de Liverpool, e à frente de Young Boys, da Suíça, e Udinese. Passou por Hannover 96, da Alemanha, no round de 32, até que foi eliminado pelo Newcastle nas oitavas.
O último a sair…
Em agosto de 2013, o dono Suleiman Kerimov cansou. Depois dos sucessivos fracassos, anunciou que iria negociar as estrelas do elenco e apostar em jogadores locais. Tanto que, de lá para cá, o atleta de maior renome que apareceu na equipe foi o português Hugo Almeida, vindo de graça do Krasnodar, na temporada 2015–16. As chegadas badaladas geraram prejuízo para o russo.
Roberto Carlos se aposentou. Jucilei foi para o Al-Jazira, dos Emirados Árabes Unidos, por 6 milhões de euros. Diego Tardelli saiu para jogar no Al-Gharafa, do Catar, pelo valor de 4 milhões. Dzsudzsak e Zhirkov foram para o Dínamo Moscou por 19 e 11 milhões, respectivamente. Eto’o foi de graça para o Chelsea, e William o acompanhou, vendido por 35,5 milhões. Diarra partiu para o Lokomotiv Moscou por 12 milhões.
No dia 28 de dezembro de 2016, Kerimov decidiu vender o clube para o empresário Osman Kadiyev. Enfraquecido, o Anzhi não resistiu muito tempo na elite russa. Na temporada 2017–18, o clube acabou rebaixado, mas permaneceu na Premier League pelo fato de o FC Amkar Perm ter a sua licença barrada pela Federação Russa. Já na temporada seguinte, após derrota por 1 a 0 para o Arsenal Tula, o descenso foi decretado. Com 21 pontos em 30 jogos, só não foram piores que o Yenisey Krasnoyarsk.
Sem dinheiro, a Águia quase decretou falência. Por causa das dívidas, não conseguiu a licença com a Federação Russa para disputar a Série B nacional, e acabou sendo rebaixado para a divisão regional. Na atual temporada, o Anzhi tem o elenco formado quase que inteiramente por jogadores sub-20 e não está apto a registrar novos atletas.
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