Política
Mulher política
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Todas as conquistas alcançadas pelas mulheres foram resultados de longas e, muitas vezes, dolorosas batalhas contra um sistema majoritariamente machista. Na época do Brasil Colônia, por exemplo, vivia-se uma cultura em que mulheres eram tratadas como propriedades da figura masculina que representasse a chefia da família, fosse ele pai, marido, irmão.
Ao longo da história, mulheres reivindicaram seu direito à educação, direito ao divórcio, direito ao livre acesso ao mercado de trabalho e direito à vida política. Nísia Floresta, reconhecida nacionalmente por ser a fundadora da primeira escola para meninas no Brasil (1838), é apenas uma das potiguares que lutaram pela emancipação feminina brasileira.
Ainda no século XX, começaram as discussões acerca da participação da figura feminina da política do país, e em 1928 foi autorizado o primeiro voto feminino. Naquele ano, Celina Guimarães foi a primeira mulher a votar no Brasil, em Mossoró/RN, e Alzira Soriano eleita a primeira prefeita do país, em Lajes/RN.
Apesar das mulheres representarem cerca de 52,50% do eleitorado brasileiro, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral, no Congresso Nacional elas são representadas apenas por 77 deputadas e 6 senadoras, enquanto o número de homens nas casas são 436 e 46, respectivamente.
Uma dessas deputadas é a Natália Bonavides, representante do Rio Grande do Norte eleita nas eleições gerais de 2018. Ela destaca a importância de ter mulheres em espaços de decisão. “Ter mais mulheres que sejam de fato comprometidas com a transformação social e com o enfrentamento das desigualdades sociais, raciais e de gênero, contribui, sem dúvida, para o fortalecimento da democracia e para a construção de uma sociedade mais igualitária”, diz a deputada.
A vereadora de Natal Divaneide Basílio lembra que nas Câmaras Municipais Brasileiras as mulheres são apenas 14% e que 25% dos municípios brasileiros não têm sequer uma mulher vereadora. A parlamentar destaca a importância de a presença da mulher na política. “Primeiro é de que as políticas públicas não devem só ser feitas para as mulheres, mas pelas mulheres. A construção da política é necessária para garantir sua viabilidade e esta deve ser combinada de maneira transversal e interseccional dentro da agenda governamental”.
Assim como Basílio, a também vereadora de Natal, Professora Eleika, que classifica as mulheres como “heroínas do cotidiano”, afirma que apesar de as mulheres, nas últimas décadas, ter diversas conquistas, também é fato que, em algumas circunstâncias, a mulher ainda precisa lutar muito para galgar alguns espaços. “A política, inclusive, é um destes espaços que ainda não são tão bem ocupados, por exemplo”.
Eleika ainda enfatiza a correlação entre a mulher e a educação. Para ela, quando se educa uma mãe, se educa uma família, uma sociedade. “A Educação abre portas e abriga a todos, indistintamente, sem importar o gênero. Uma nação sem Educação não é uma nação”, enfatiza a vereadora.
O Futuro
A falta de representatividade feminina nas casas que comandam o país é uma preocupação para quem ainda pretende alcançar uma vaga. As pré-candidatas ao cargo de vereadora da cidade do Natal, Brisa Bracchi e Camila Araújo conversaram com o Elo Jornal sobre sociedade, democracia, direitos e políticas públicas. Confira abaixo:
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Elo: Você acredita que a participação de mulheres na política fortalece a democracia e cria uma sociedade mais igualitária?
Brisa: Sem dúvidas, fortalece uma democracia que seja, de fato, igualitária. Até porque a democracia surgiu apenas para os homens, e aos homens que não eram escravizados. Hoje as mulheres são mais da metade da população do país, entretanto a nossa representação na política é ínfima.
Camila: Com certeza. No momento que a sociedade abre espaço para que a voz feminina esteja dentro da política, ela está transformando essa sociedade numa sociedade igualitária e não pensada apenas por homens.
Elo: A Constituição garante que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, você vê isso na prática?
Brisa: O reflexo na sociedade não é esse. É o reflexo de uma sociedade sustentada no patriarcado, e o que a gente vê é que direitos e obrigações são bem diferentes na prática. As mulheres ainda estão lutando pelo direito de viver sem violência, por exemplo, que deveria ser um direito fundamento de nossas vidas.
Camila: Apesar da constituição preconizar que o direito é igual a todos os brasileiros isso na prática não existe. Se você ver o maior número de pessoas desempregadas são mulheres, e se for analisar o salário de mulher é sempre inferior ao do homem. Não tem como haver uma igualdade se a gente for mais profundo nas relações, a mulher além de trabalhar fora é a mantenedora da casa.
Elo: Você tem algum projeto voltado para as mulheres caso seja eleita?
Brisa: Eu diria que todo o projeto que a gente vem construindo nessa pré-candidatura surgiu a partir de dois pontos fortes: juventude e mulheres. Quando a gente fala na pauta das mulheres ela abrange todos os setores da sociedade, a gente quer ser mulher e ter igualdade em todos os setores.
Camila: O projeto de lei que pensamos para políticas de mulheres é justamente fortalecer o mercado de trabalho para mulheres, pra que mulheres vítimas de violência venham ser capacitadas psicologicamente e emocionalmente curadas de suas feridas, oferecendo cursos profissionalizantes e vagas no mercado de trabalho. Nós temos política públicas voltadas para a inserção no mercado de trabalho de pessoas com deficiência e há uma isenção de impostos para que eles sejam acolhidos, para jovens aprendizes e adolescentes.
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