Mobilidade
Maio Amarelo: Pequenas atitudes podem criar um trânsito mais saudável
Cientista social dá dicas para motoristas, passageiros e pedestres colaborarem para um trânsito com menos conflito e estresse
O Maio Amarelo é um movimento de conscientização que envolve o poder público e a sociedade civil em ações que visam a redução de acidentes de trânsito, chamando a atenção para o alto índice de mortes e feridos. Segundo dados de 2020 da Organização das Nações Unidas (ONU), 1,35 milhão de pessoas perdem a vida a cada ano no mundo todo. No Brasil, em 2019, quando foi divulgado o último levantamento pelo Ministério da Saúde, foram mais de 31.945 vítimas fatais.
A campanha deste ano do Movimento Maio Amarelo levanta a reflexão sobre atitudes como o respeito e a responsabilidade no trânsito, assim como a impaciência e intolerância dos condutores. O psicólogo e cientista social, Pedro Dinelli Cruz, professor do curso de Psicologia da Estácio, diz que a impulsividade, o descontrole e os excessos por parte de qualquer integrante do trânsito, seja ele condutor, passageiro ou pedestre, podem se desdobrar em acontecimentos problemáticos, como acidentes ou agressões.
“Por toda sua complexidade e por ser um ambiente estressante, o trânsito exige muito das nossas habilidades psicológicas, atenção, percepção, memória, consciência, e afetivas: sentimentos e emoções. Se essas capacidades não forem bem administradas, poderão resultar em conflitos, e são elas que irão influenciar totalmente na nossa tomada de decisão”, explica Pedro.
Para o psicólogo, o senso de responsabilidade e respeito de todos os envolvidos no trânsito deve ser refletido a partir do simples pensamento de que não estamos sozinhos nele. “Precisamos pensar em fazer a nossa parte e zelar pelos outros que estão a nossa volta, e entender que mesmo que o trânsito não esteja nas condições que eu gostaria naquele momento, é necessário respeitar regras e limites, administrar nossos conflitos e impulsos e tomar a melhor decisão para todos. A busca constante do equilíbrio emocional é importante para que o trânsito possa acontecer de modo menos problemático”, afirma.
O professor da Estácio dá algumas dicas aos motoristas que perdem facilmente a paciência e também a outros atores do trânsito: evitar competição, dar passagem a quem está sinalizando, não dividir a atenção necessária à condução do veículo com outras tarefas, como celular, e controlar a velocidade.
“Toda relação em sociedade envolve troca, direitos e deveres, então precisamos fazer a nossa parte para que o outro faça a dele, entendendo que meu estresse poderá gerar estresse em outras pessoas. Atitudes como evitar o famoso ‘jeitinho’, de parar rapidamente onde não deve ou onde o trânsito está fluindo, podem evitar o estresse generalizado de outros condutores”, diz o psicólogo.
Para um tráfego menos problemático e integrantes do trânsito com menos estresse, Pedro indica ainda evitar o uso de farol alto e buzina em momentos desnecessários, mapear os trajetos e planejar onde estacionar ou qual ônibus pegar antes de sair de casa, escolher as vias mais seguras e até mesmo reavaliar a necessidade da utilização do automóvel para o trajeto, substituindo por bicicleta ou uma caminhada. “São pequenas questões que funcionam para criarmos um ambiente mais tranquilo da nossa parte para o outro. Nós precisamos ser a mudança que queremos para termos um trânsito mais saudável para todos os envolvidos”, ressalta.