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Cultura

Editora brasileira lança livro da Potiguar Olga Hawes

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Pré-venda deu início na última sexta-feira (29) no site da Editora Patuá

“Gosto de um poema de Ana Martins Marques que começa com “tenho quebrado copos”, acho que diz alguma coisa sobre mim talvez. Ser mulher também. Também gosto muito do extraordinário no cotidiano, e quanto mais esquisito melhor.” – Olga Hawes

Olga Maria Hawes, a Potiguar de 21 anos é estudante de psicologia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, autora do livro de poemas ‘Um minuto de barulho’ que será publicado e lançado pela Editora Patuá de São Paulo para todo Brasil. Primeira obra publicada da Potiguar já está em pré-venda no site da editora, mas não é a primeira vez que ela escreve, Olga é de uma sensibilidade nas palavras que ela imprime também em zines ou em apresentações, como sarau ou em projetos de antologia pelo Nordeste. Seu último zine chama “dente canino”, que fez tanto sucesso que não tem mais exemplar físico, mas tá disponível online, pela plataforma do yumpu.

Sobre ter sua obra lançada e vendida a nível nacional, Olga Hawes acredita que é um longo processo. “Eu tinha uma expectativa nesse sentido e fico feliz demais pela Patuá ter abraçado o projeto. É uma editora independente composta de pessoas que amam muito o que fazem, e acredito nessa rede que compõe a literatura marginal brasileira. Espero poder deixar uma contribuição positiva nesse sentido!”, revela a poeta.

Emoção, sensibilidade, reciprocidade, características que a literatura trouxe para a vida de Olga e que ela devolve para quem aprecia seus poemas. Referências de outros poetas permeiam a sua trajetória. Para ela “um livro é a melhor possibilidade de juntar tudo isso em um lugar só” e também de partilha de si para o mundo, “como uma mão que segura a outra pra pular de um lugar muito alto”, como ela mesma conta.

O ‘Um minuto de barulho’ é dividido em três capítulos: eu-coisa, você-causo, nós-causa. Cada capítulo traz poemas sobre as dores e as  possibilidades de cura que fluem nesse espectro individual – coletivo. Hawes explica que é um livro muito pessoal, mas que ao mesmo tempo conversa com muitas experiências de pessoas que talvez viveram coisas semelhantes. Outro detalhe é que o livro traz nas epígrafes mulheres cujos escritos foram importantes para a escritora em diferentes momentos. Assim como sua vida retrata resiliência, luta e amor.

Foto: Beatriz Loreto

Um pouco mais de Olga

Além do ‘Um minuto de barulho’, Olga Hawes nos relata a sua relação com a escrita, a psicologia, a arte e sobre suas percepções para o futuro. Quanto a um novo livro, ela nos conta que é um livro é um congelamento de momento e para ela “é preciso acreditar que um momento merece ser congelado”. A escrita para a jovem escritora Potiguar, é o relacionamento mais duradouro pois lhe presenteia com muita companhia e acolhimento através da poesia. 

“Tem uma crônica do Galeano “A função da arte/1” em que ele fala sobre esse menino que não conhecia o mar, e quando finalmente atravessou montanhas e pôde ver a imensidão do oceano, pediu ao pai “me ajuda a olhar”. Penso que a leitura e a escrita sempre foram os modos que achei de encarar a grandiosidade das coisas, transformar em algo que cabe nas mãos, como num poema, sem que perdesse o tamanho e a mística daquilo”, explica Olga que fala que aprendeu com a literatura sobre liberdade. 

“Acho que eu sempre fui uma pessoa muito idealista e já me frustrei bastante com a realidade por isso. Nesses momentos, a leitura e a escrita sempre estiveram lá como um alicerce, um lugar orgânico pra onde eu posso sempre retornar, esse espaço livre onde eu posso tomar decisões e depois mudar de opinião num estalar de dedo, porque é meu, só depende da minha relação com a palavra e com o que eu crio”, pontuou a escritora que iniciou sua jornada na literatura muito antes de cursar psicologia. 

Foto: Lívia Motta

“Eu acredito muito na potência curativa da arte e do corpo, e penso que, na nossa realidade que é tão expressa, veloz, sem tempo pra nada, o ato de pausar o dia, parar pra ouvir alguém e estar presente durante a escuta(no setting clínico ou fora dele) é muito semelhante a parar pra ler um poema, pra dançar, ver um show ao vivo… a arte existe como forma de terapia desde os tempos mais antigos, e persiste como forma de resistência até hoje, seja nas partes mais marginalizadas da cidade, seja nas comunidades quilombolas, nas tribos e nos assentamentos. É ela que mantém muita gente caminhando, e une muitas experiências também. Acho que, nesse sentido, arte e psicologia têm o mesmo propósito, no fim das contas.”, diz Olga Hawes.

Tendo seu livro sendo lançado durante um período de isolamento social, em decorrência do novo coronavírus, perguntamos a poetisa, sobre o que ela espera do futuro da humanidade após essa pandemia. Olga Hawes fala o quão difícil é falar sobre um pós enquanto ainda vivenciamos o durante, mas crê numa reflexão coletiva sobre esse momento.

“Acho que a pandemia pode sim despertar a necessidade de uma visão de mundo mais coletiva e solidária, mas também me assusta muito o isolamento e a necessidade de sobrevivência individual diária, coisas que são parentes do neoliberalismo. O que eu espero é que, apesar dos esforços suicidas da política federal, a gente consiga passar por isso sem perder mais tanta gente, e que a cidade volte a ser ocupada como tem que ser. Ah, e se tudo correr bem, quem sabe a gente não dá a sorte de viver o impeachment do presidente”, conclui Olga Maria Hawes, autora da obra ‘Um minuto de barulho’.

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