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Cultura

Curta-metragem gravado na nascente do rio Potengi, no RN, usa a dança para falar de regeneração

Publicado

Foto: Divulgação

Gravado na nascente do rio Potengi, em Cerro Corá, no Rio Grande do Norte, o filme “Renascente” é uma iniciativa do Complexo Cultural Rampa, que inaugura neste ano em Natal. Desde seu lançamento nos canais digitais, o curta-metragem dirigido pelo cocurador do projeto, Gustavo Wanderley, já acumula mais de 70 mil visualizações.

Na videodança, a performance da bailarina contemporânea Ana Cláudia Viana flerta com o conceito de regeneração, já que a paisagem é conceito-chave no projeto de ocupação artística, um de seus três eixos principais (arte museu paisagem). Ela é percebida não só como um lugar — dada a localização do Complexo Cultural, à beira do Potengi —, mas também como perspectiva filosófica, que abarca tudo e todos que a compõem.

“Uma de nossas intencionalidades na ocupação do Complexo Cultural é chamar atenção para a necessidade do desenvolvimento regenerativo.  Não podemos olhar para o Rio que passa em frente à Rampa sem pensar na nascente e por todo caminho que essa água percorre até chegar aqui. Essa foi uma das nossas inspirações para a criação do filme”, explica Gustavo.

Foi para a gravação, no final de 2021, que Ana Claudia conheceu a nascente do Potengi. Como inspiração, trazia a ideia de que o rio, tal qual uma serpente, atravessa territórios, sem permanecer em nenhum lugar. “A ideia de ancestralidade foi uma das primeiras inspirações, mas o paradoxo de que o rio ao mesmo tempo que parece frágil consegue ficar enorme ao longo do caminho, algo que não deixa de falar sobre nós e a possibilidade de sermos potência, também nos inspirou”, revela.

A dedicação do Grupo Guardiões da Nascente do Rio Potengi e em especial da guardiã Matilde Costa também trouxeram influências para a obra. “Presenciar o trabalho que é feito com tanta dedicação nesse lugar que deve ser preservado, sem dúvida, foi inspirador para todos nós durante a gravação. O sentimento foi de que a natureza está diante de nós, mas também faz parte de cada um.”

Para Matilde, a obra traz a integração entre arte e natureza e divulga o trabalho que é feito por eles em Cerro Corá para conservação da nascente. “Nosso objetivo é que as futuras gerações possam ver e contemplar o que preservamos. Só a satisfação de poder fazer algo pelo nosso ecossistema já vale muito, então um filme como esse, que leva nosso trabalho para outros lugares, é incrível”, conta.

André Rosa explica que a obra também fala sobre como o corpo se relaciona com o espaço e com a natureza, mas não tem um conceito totalmente fechado. “A gente pensou em diversos caminhos e propostas, mas queremos que as pessoas se sintam livres para perceber suas próprias histórias a partir do filme.”

A trilha sonora original é de Dan Cunha.

O Complexo Cultural Rampa

A Rampa é um dos espaços mais representativos da história de Natal (RN) e fundamental para a história brasileira. Foi nessa edificação, nas primeiras décadas do século XX, que Natal começou a se conectar com o mundo.

Valendo-se do seu posicionamento geográfico privilegiado, a cidade se tornou um importante entreposto aéreo que interligava Europa, África e América Latina – entre as décadas de 20 e 30, nos primórdios da aviação comercial.

Nesse contexto, a Rampa funcionava como terminal de hidroaviões. Por lá passaram os mais destacados pilotos daquela geração, que ajudaram a traçar as linhas áreas que se tem hoje no planeta.

Na década de 40, o espaço ganha um novo papel: passa a ser utilizado pelo EUA como base militar, na Segunda Guerra Mundial. Na época, Natal recebeu milhares de soldados americanos, gerando significativa convivência entre culturas.

Com o fim da guerra, o desuso de hidroaviões de passageiros e a construção de aeroportos no mundo todo, a Rampa perde sua função original, ficando para o Exército e a Força Aérea Brasileira, servindo como clube militar. Na década de 70, o espaço abre-se para a população e, ao longo dos anos, recebeu diversos estabelecimentos, até cair em desuso.

Agora, é ali que está para ser inaugurado o Complexo Cultural Rampa, hoje equipamento do governo do Estado do RN. O projeto de ocupação artística do espaço, Rampa – arte museu paisagem, está sob responsabilidade da Casa da Ribeira. A produção executiva é da House Cultura, com benefícios da Lei Câmara Cascudo de Incentivo à Cultura, Fundação José Augusto e Governo do RN.

Serviço

O quê? Filme Renascente
Onde? Disponível em instagram.com/rampa.cultura

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