Sociedade
Cadelas e gatas são mais propensas ao câncer de mama, alerta veterinária potiguar
Apesar de grave, a doença tem cura, podendo ser prevenida e diagnosticada com hábitos que vão além da castração
Se você é tutor de cães e gatos, deve adotar medidas preventivas e redobrar os cuidados contra o câncer de mama, especialmente nas fêmeas, alerta o Centro Médico Veterinário (CMV) da Universidade Potiguar (UnP), em Natal.
De acordo com a médica veterinária e tutora da Liga de Oncologia do CMV, Carol Maia, a doença é causada principalmente pela estimulação das mamas a partir dos hormônios ovarianos, acometidas, muitas vezes, por hábitos ultrapassados.
“Esse estímulo aumenta a divisão das células das glândulas mamárias e, em algum momento, alguma célula pode sofrer alteração genética, se transformando em uma célula cancerígena, que vai se multiplicar e evoluir para um câncer. Também pode acontecer em machos, mas não é comum, tendo uma incidência menor do que 1%”, explica.
Entre essas duas espécies, os felinos são os mais atingidos devido à inexistência de um controle sobre a saúde animal, sendo esse público um dos mais atendidos no CMV para tratamento de câncer de mama. Segundo a especialista, isso ocorre porque a maioria não é castrada na idade correta, além de ser comum a aplicação de “vacinas anti cio”, que são os anticoncepcionais.
A idade que a castração é realizada também é um ponto importante. A Associação Brasileira de Oncologia Veterinária (Abrovet) prevê que para tratamento, prevenção e diagnóstico de câncer de mama em cadelas, a idade ideal para a castração seria entre o primeiro e o segundo cio, podendo obter uma prevenção de 92% do risco e reduzir os efeitos maléficos de fazer a castração mais cedo.
Já para as gatas, o ideal é fazer a castração até 1 ano de idade. Apesar disso, a castração continua sendo recomendada em fêmeas adultas por outros benefícios, mesmo que não tenha tanta interferência na prevenção do câncer de mama.
“Cada paciente precisa ser avaliado individualmente e estadiado através de exames complementares, como ultrassonografia abdominal e radiografia torácica. Via de regra, o primeiro passo é a cirurgia. Após a cirurgia, nós enviamos os nódulos para biópsia, para confirmarmos se aquela paciente tem câncer e qual tipo de câncer. Dependendo do resultado e do estágio que a paciente esteja, avaliamos se há a necessidade ou não de tratamentos complementares, como a quimioterapia”, frisa.
Amor de quatro patas
Ana Paula Bispo, de 39 anos, é tutora de Nina, uma felina de aproximadamente 4 anos. A partir do cuidado individualizado, a gatinha se recupera em casa depois da cirurgia para retirada de nódulos de câncer de mama realizada nesta campanha do Outubro Rosa. “Confesso que fiquei assustada, porque o câncer de mama é uma doença que se espalha muito rápido, se não for descoberto a tempo. Fiquei com medo de perdê-la, porque o apego é muito grande. Mas ocorreu tudo bem e estamos aqui para contar história”, comemora.
Para que outras histórias tenham finais felizes, a veterinária Carol Maia apela aos tutores de cadelas e gatas para que mantenham os cuidados preventivos e ir contra o mito de “esperar para ver se cresce”. “Castre na idade indicada; faça exames periódicos para que, quando não puder mais prevenir, pelo menos consigamos um diagnóstico precoce; não utilize anticoncepcionais nas cadelas e gatas, pelo fato de ser cancerígeno e poder causar abortos, infecções uterinas e hiperplasia mamária nas gatas. Os próprios tutores, em casa, podem fazer o exame de toque mamário, apalpando as mamas em busca de nódulos, placas, inchaços. Sempre que identificar qualquer alteração, procure um serviço veterinário imediatamente. Por último e não menos importante, não abandone o seu bichinho de estimação. Cuide, trate e dê carinho”, orienta a profissional veterinária.