Opinião
O quão singular é pertencer a si mesmo?
Parece-me extraordinário e ousado demais calçar os próprios sapatos e vestir as próprias túnicas. O ordinário é dar um jeito para caber nas vestes e calçados alheios, pouco importando se hão de ficar confortáveis ou se compõem o nosso estilo.
“Caber” é o conceito de ordem. Somos catequizados de forma explícita, implícita, enérgica e também velada, de que para sermos vistos e valorizados precisamos nos enquadrar. Em outras palavras, mais uma vez, nos é empurrado de goela abaixo que sermos “descabidos” não é uma opção viável ou possível.
Continuaremos a seguir o ordinário ou arriscaremos a navegar pelo extraordinário?
Nos acostumamos a seguir de acordo com as expectativas do mundo, a todo custo, tal qual siri numa lata? Naturalizamos ficarmos reféns do olhar do outro?
“Adultecemos” a ponto de perdermos nossa autenticidade e de aceitarmos que sim, devemos, na verdade, seguir o fluxograma que determinaram para nossa vida? Caímos no pragmatismo nocivo de acharmos sonhos besteira? Vocação ultrapassada? E utopia “coisa de comunista”?
Embrutecemos o olhar e deixamos de reparar o banal, o dia a dia e a beleza do entardecer? Nos tornamos uma geração incapaz de ter voz e bradar em alto e bom som que temos o direito existencial de escolhermos quais sapatos queremos calçar e quais túnicas desejamos vestir?
A geração Y falhou de modo a continuar agindo à luz do ordinário? Os Millennials seguem em busca de caber? E imbuídos na incapacidade de efetivamente questionar?
Seguiremos sem voz ativa? Dependentes da validação de outrem, cheios de inseguranças e apáticos diante da vida, sem perguntar qual deve ser a sensação de liberdade ao sermos “descabidos”?
Que tal rompermos com o convencional e agirmos de modo extraordinário? Afinal… O quão singular é pertencer a si mesmo?
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