Cultura
Premiado Curta Metragem Potiguar “Rosa de Aroeira” é exibido no Seridó Cine
Premiado como melhor documentário no último sábado, 6 de fevereiro, no Cine Forte Cabedelo (PB) e, recentemente, no BIMIFF – Brazil International Monthly Independent Film Festival e na categoria Brazilian Women in Entertainment no LABRFF – Los Angeles Brazilian Film Festival, o curta potiguar Rosa de Aroeira, que também está concorrendo a 8 indicações no RIMA – Rio International Monthly Wards, será exibido nesta semana, de 08 a 13 de fevereiro, no Festival Seridó Cine.
Rosa de Aroeira é um documentário com vinte minutos de duração, roteirizado e dirigido por Mônica Mac Dowell. O filme é o primeiro trabalho audiovisual da realizadora, que de posse de uma câmera de celular registrou a vida e o cotidiano de um grupo de mulheres residentes na comunidade do Reduto, localizada no município de São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte.
O filme que conta com montagem de Larinha Dantas e trilha sonora original de Valéria Oliveira, em um registro poético e antropológico do lugar e do cotidiano das personagens Dona Neuza, Dona Deuzuite, Dona Gracinha e Robéria estreou na Mostra Macambira em Natal em março de 2020 e segue a trajetória de festivais com apresentações futuras no Ceará, no Rio de Janeiro na Venezuela e na Índia.
FICHA TÉCNICA
Roteiro, Direção, Produção e Fotografia: Mônica MacDowell
Montagem e Finalização: Larinha R. Dantas
Trilha Sonora Original: Valéria Oliveira
Mixagem e Edição de Som: Gabriel Souto e Eduardo Pinheiro
Colorgrading: Gabriel Souto
Design de Logotipo e Cartaz: Atena Marketing
MULHERES ENTREVISTADAS NO REDUTO
Dona Neuza: Neuza Felício Marques
Dona Deuzuite: Francisca Soares da Silva
Dona Gracinha: Maria das Graças Miranda Martins
Robéria: Robéria Menezes de Lima
SERVIÇO
ROSA DE AROEIRA – Exibição no Festival Seridó Cine
08 a 13 de fevereiro
Transmissão – https://2021.seridocine.com.br/
Ensaio Rosa De Aroeira
O curta-metragem Rosa de Aroeira é um filme documentário que registra com muita delicadeza visual a paisagem agreste da pequena comunidade litorânea do Estado do Rio Grande do Norte e a relação interativa e germinal de quatro campesinas com a natureza bucólica do lugar.
O documentário é um texto visual composto de metáforas, em que, os enquadramentos e as angulações das personagens e do ambiente retratado, elaboram e produzem imagens vastamente impregnadas de poesia e sensorialidade.
A partir do recorte da câmera o filme revela-se como uma manifestação estética, aonde os objetos de cena, o cenário e as personagens, compõem uma tela viva e em movimento, com texturas e cores que revelam a sensibilidade estilística da diretora e o cuidado que ela teve com a concepção das imagens captadas e reveladas.
Por meio da sua lente a roteirista e diretora aponta para a relação estreita e íntima que tem com a comunidade e com as pessoas que habitam o Reduto, criando dessa forma, uma poética da imagem com inúmeras translações visuais e sutilezas imagéticas.
A narrativa fílmica é pontuada pelo andamento das falas e pela biografia de Gracinha, Deuzuite, Neuza e Robéria, personagens da história, que, por meio de suas vozes, tecem e costuram os fios das rendas dos seus respectivos tempos e habitat. Os relatos das personagens são pautados pelas histórias de vida e narrados no mesmo ritmo circular da câmera da realizadora e do movimento temporal empregado pela roda da máquina de moagem da mandioca.
A afabilidade com que a diretora Mônica Mac Dowell captou e bordeou as imagens revela uma escrita iminentemente feminina. Escritura estética que dialoga didaticamente com a paisagem feminal do lugar, com as personagens retratadas, e com a força de trabalho presente no dia a dia árduo dessas mulheres potiguares.
A trilha sonora, composta e interpretada pela cantora Valéria Oliveira, é uma elegia aos quatro elementos da natureza e ao feminino seminal que compõem as imagens da diretora e que aconchegam as histórias de vida relatadas por essas personagens brasileiras.
Além da primorosa estética empregada nas imagens o filme também concede visibilidade social a essas mulheres imêmores por meio do ato de suas falas e suas memórias, criando no plano da expressão e no plano do conteúdo, imagens impregnadas de poesia e de transladação de vozes que habitualmente parecem invisíveis aos olhos do Brasil.
Em Rosa de Aroeira a plástica e a textura das imagens são produtoras de múltiplos sentidos imagéticos e de várias sintaxes na diegese fílmica e, por meio dessas vozes peregrinas, acontece a ruptura do invisível social, provocando nessas mulheres a saída de um tempo mítico e do lugar comum.
O documentário Rosa de Aroeira, dirigido e roteirizado por Mônica Mac Dowell, “prepara o dia e decifra a noite dessas fecundas mulheres” residentes do litoral do Rio Grande do Norte.
Andréa Mousinho
Professora Universitária, Jornalista e Mestre em Comunicação, Semiótica e Artes. PUC/SP. Em Doutoramento na Universidade de Coimbra – Portugal