Sociedade
Pandemia: nunca foi tão importante cuidar dos idosos
A doença causada pelo novo Coronavírus é mais letal para idosos e isso é um fato com o qual a sociedade deve saber como lidar.
É urgente proteger as pessoas com mais de 60 anos, mas nem sempre todos sabem exatamente a melhor forma de fazer isso, sejam cuidadores, familiares, amigos ou simplesmente vizinhos.
Trata-se de uma doença de rápido contágio, para a qual ainda não existe tratamento nem vacina. Aliado a isso, houve um crescimento de 25% da população idosa em 6 anos, de 2012 a 2018, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE. Dados sobre o envelhecimento da população brasileira em geral não são de conhecimento comum, mas se os idosos são especialmente vulneráveis ao desenvolvimento de formas graves da doença, toda atenção é necessária.
Cuidados para evitar o contágio devem ser redobrados
Os indivíduos com mais de 60 anos são especialmente especialmente vulneráveis à COVID-19. No Rio Grande do Norte, a taxa de letalidade em idosos é 18,9%, enquanto nos adultos apenas 3,34%, isso até 1º de maio, de acordo com os dados da página do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS).
Lavar corretamente as mãos com frequência e insistir no isolamento social são os pontos de partida, mas outras iniciativas são necessárias. O contato com jovens e crianças deve ser evitado ao máximo, pois eles podem ser transmissores da doença. Além disso, é recomendado que o fluxo de pessoas à residência do idoso seja interrompido nesse período para evitar o contágio, mesmo que de pessoas assintomáticas.
Existe uma série de cuidados a tomar quando se adentra em um domicílio onde está um idoso, inclusive já há relatos de transmissão intradomiciliar. Isso significa que as pessoas que se dispõem a ajudar podem estar levando a doença para dentro dos domicílios.
Quem coabita com pessoas idosas deve deixar sapatos do lado de fora e, se possível, trocar de roupa antes de entrar em casa. Além disso, devem respeitar a distância mínima de 1,5m em todos os momentos do dia e, quando for preciso contato físico para higiene pessoal, por exemplo, deve-se fazer o uso de máscara de proteção individual.
A atenção com os utensílios utilizados pelo idoso também deve ser redobrada, é preciso reservar itens como garfo, faca, colher e copo para uso exclusivo dele e para que isso seja seguido é indicado identificar estes elementos.
Caso a pessoa idosa esteja acamada, todos devem lavar as mãos corretamente e fazer uso de máscaras para entrar em contato com ela, pois sua fragilidade é ainda maior.
Insistir, mas com paciência e afeto
Kenio Costa de Lima, diretor do Instituto do Envelhecer e professor da UFRN, diz que é muito importante fazer com que as pessoas idosas permaneçam em casa “mas não de forma autoritária, cuidar não é autoritário, é preservar a vida da pessoa idosa”.
O Professor fez parte da ação conjunta de Departamentos da UFRN, juntamente com o Instituto do Envelhecer e a Secretaria Municipal de Saúde de Natal, que promoveu a vacinação de 3.458 idosos em 390 condomínios, evidenciando a importância da imunização contra o vírus Influenza como uma forma de facilitar o processo de diagnóstico da COVID-19, em caso de contágio.
Agora, ele considera urgente um conjunto de fatores para proteção da população idosa, como o recebimento da vacina antipneumocócica para prevenir a pneumonia bacteriana, por exemplo. Isso diminuiria as chances de desenvolverem um quadro ainda mais grave caso fossem contaminadas.
A mensagem principal é permanecer em casa, mas o professor alerta que o isolamento não é fácil. Pedir, explicar que permaneçam em casa deve ser algo feito com afeto. A comunicação com afeto implica entender as limitações e o tempo de compreensão da pessoa idosa.