Saúde
Gravidez tardia: ginecologista esclarece sobre os riscos e cuidados
Nesta última semana, a atriz Claudia Raia anunciou estar grávida aos 55 anos, o que gerou dúvidas entre a população sobre a segurança de uma gestação tardia
É possível engravidar aos 55 anos? Essa é uma das questões em alta na internet após a divulgação da gravidez da atriz Claudia Raia (55), chegando a mais de 1 milhão de pesquisas no Google sobre o caso. A gestação tardia da artista veio a público por meio das redes sociais, quando anunciou estar grávida de seu terceiro filho, o primeiro com seu marido Jarbas Homem de Mello.
Ainda não se sabe com certeza se o processo da gravidez foi natural ou por reprodução assistida. Mas, o caso é algo bem pontual, tendo em vista que em 2020, por exemplo, o Brasil teve apenas 34 bebês de mulheres entre 55 e 59 anos (conforme o registro de Nascidos Vivos).
Segundo a obstetra Mychelle Garcia, membro da Comissão de Anticoncepção e Reprodução Humana da Sogorn, a gravidez após os 50 anos é rara e envolve muitos fatores de risco para mãe e para o feto. Para o Ministério da Saúde, idade materna maior que 35 anos já é considerado fator de risco gestacional preexistente, exigindo atenção especial no acompanhamento da gestante.
“A maior parte das mulheres já está na transição para menopausa e a adaptação do organismo materno à gravidez é diferente, sendo elevado o risco de abortamento, diabetes gestacional, pré-eclampsia, restrição de crescimento fetal, trabalho de parto prematuro, dentre outros”, esclarece a médica especialista em Reprodução Humana Assistida e coordenadora médica do Centro de Reprodução Assistida da MEJC- UFRN.
Dados do Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos do Ministério da Saúde mostram que ter filhos após os 35 anos já é uma tendência. Na última década, o número de mulheres que engravidaram acima dessa faixa etária cresceu 84% no Brasil e partos de mulheres acima dos 40 anos já representam entre 2% a 5% do total do país. Este contexto tem sido justificado pelas mudanças sociais que proporcionaram maior inserção da mulher no mercado de trabalho, adiando o desejo de engravidar.
Conforme a profissional, com o avanço das técnicas de reprodução assistida e condições da vida moderna que tendem a retardar a maternidade, algumas mulheres buscam a gravidez tardiamente, o que não significa que os riscos serão minimizados. “O congelamento de óvulos antes dos 35 anos, assim como o uso de óvulos doados por mulheres jovens são estratégias utilizadas para aumentar as chances de gravidez e diminuir o risco de erros genéticos para uma gestação em idade acima de 40 anos. Da mesma forma, a adaptação do organismo materno à gravidez continua sendo arriscada e cada situação deve ser decidida de forma individualizada”, informa.