Saúde
Dez minutos de exercício por dia diminuem risco de depressão
Com os índices de pessoas com depressão cada vez maiores, especialista orienta quanto a importância de acrescentar exercícios físicos no combate à doença
Uma das doenças psiquiátricas mais frequentes no mundo é a depressão, e o número de pessoas acometidas por essa condição cresceu ainda mais devido a pandemia de Covid-19, que trouxe um impacto negativo muito grande na saúde mental das pessoas. Em Natal, por exemplo, 11,8% da população adulta relatou sofrer de depressão, de acordo com um estudo publicado recentemente pelo Ministério da Saúde. No ranking entre as capitais do nordeste, Natal ficou atrás somente de Recife, com 12,5% da população com depressão.
Para auxiliar na prevenção e no tratamento da depressão de forma efetiva, uma estratégia importante é realizar exercício físico regularmente. “A prática de exercícios físicos gera muitos benefícios a nível cerebral, melhorando ou otimizando o controle sobre nossas emoções. Isso acontece devido a liberação de substâncias como a dopamina e a serotonina, que afetam diretamente no que chamamos de ‘sistema de recompensa’, responsável pelas sensações de prazer, bem-estar e satisfação. Quando uma pessoa está com um quadro de depressão, esse sistema fica alterado por marcadores inflamatórios, e a produção dessas substâncias que estimulam o prazer diminuem”, explica mestre em Avaliação e Prescrição de Exercícios para Saúde e coordenador do curso de Educação Física do UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau Natal, Pedro Agrícola.
Mesmo sabendo das diversas vantagens das atividades físicas, muitas pessoas ainda encontram dificuldades para colocar em prática dentro da rotina semanal, ainda mais quando a recomendação da Organização Mundial de Saúde indica realizar de 20 a 40 minutos de atividade física, de moderada a intensa, por dia. Porém, de acordo com uma pesquisa feita pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, apenas 10 minutos de caminhada por dia já são suficientes para diminuir 18% do risco de depressão. A porcentagem tende a ser maior para quem praticar por mais tempo, mas, de acordo com os pesquisadores, o estudo tem importantes implicações para profissionais de saúde que fazem recomendações de estilo de vida para pacientes, especialmente para aqueles que estão inativos e podem achar que a recomendação da OMS não é realista.
Para Pedro Agrícola, o estudo é um ótimo incentivo para as pessoas que precisam de uma motivação extra para começar ou voltar a se exercitar. “O primeiro passo sempre é o mais difícil para quem está parado há muito tempo, e quando as metas estabelecidas são muito altas a tendência é a pessoa desistir mais rápido. O mais importante é começar, mesmo que seja por um tempo ou uma intensidade reduzida. Para resultados ainda melhores na utilização de exercícios físicos como combate às doenças mentais, o mais indicado é realizar atividades ao ar livre, como na praia ou em um parque com bastante verde, pois esse contato com a natureza potencializa o trabalho do nosso ‘sistema de recompensa’, gerando uma sensação de bem-estar ainda maior”, recomenda o educador físico.