Opinião
Relatos de uma jornalista na pós-pandemia: A magia do cinema
Ir ao cinema depois de tanto tempo é certamente um momento especial para mim, que me sinto tão confortável numa sala cheia de estranhos. Dessa vez a energia foi diferente, a sala não estava cheia de estranhos mas de uma comunidade que compartilha o mesmo amor pela história de um certo bruxinho famoso. A fila dava voltas no salão de entrada, cheia de ansiosos pela exibição especial de Harry Potter e a Pedra Filosofal em comemoração aos seus 20 anos de lançamento. Os fãs usavam blusas e adereços identificando suas casas de Hogwarts; alguns até pareciam ter vindo diretamente de lá, usando capas e tudo. Foi mágico de ver. A pandemia e as máscaras se tornaram apenas detalhes quando aquele grupo de amigos eufóricos soltavam gritinhos estrangulados ao ouvirem a música tema do filme, indicando seu início e a excitação de todos – os quais já o viram mais vezes do que podem contar nos dedos, com certeza. Os assentos não estavam todos ocupados, mantendo uma distância entre um telespectador e outro, e imaginei aqueles que não conseguiram adquirir o ingresso por causa do rápido esgotamento das sessões. Para muitos, essa era a única oportunidade que teriam – pelo menos por enquanto – de assistirem ao bruxinho nas telonas, já que uma grande parcela dos fãs não eram nem nascidos no ano da primeira exibição. Eu era um deles, e confesso que a excitação não cabia em mim naquele momento. Os sortudos que puderam comprar um ingresso para uma sessão 3D num domingo, o que não é nada barato, riam com gosto enquanto as melhores cenas se desenrolavam. Ávidas palmas e gritos surgiram quando os créditos começaram a subir e os corações foram se acalmando. Todos saímos em êxtase daquele lugar que nos proporcionou um pouco de magia em momentos tão sombrios. Quem nos dera se a pandemia pudesse ter sido resolvida com um feitiço ou uma poção, porém, infelizmente, dependíamos de um presidente brutamontes e negacionista. Felizmente, tínhamos nossos bruxos e bruxas da saúde lutando incansavelmente para nos proteger o mais rápido possível do vírus.