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Opinião

Reivindicações e luta pela vida leva milhares de pessoas às ruas

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Muitas foram as pautas, mas é inegável dizer que as mais de 460 mil mortes foram a chama para as manifestações contra o que está acontecendo no Brasil: o genocídio como projeto político

Milhares de pessoas foram às ruas de Natal protestar usando suas máscaras de proteção.
Foto: José Félix

Aqui em Natal, assim como em Mossoró e diversas outras cidades do Brasil e do mundo, aconteceram atos em prol do impeachment do atual presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro (sem partido). Após mais de um ano de pandemia, os números continuam assustadores, mas dessa vez, para uma doença que já tem vacina, na qual muitas das vezes a negociação foi dificultada pelo atual governo brasileiro. Os diversos entraves e negação da pandemia, torna tudo isso um projeto político que podemos chamar de genocídio, as mortes em massa, falta de vacina e colapso do sistema de saúde público e privado parecem ser tudo. Mas não são.

Não bastasse as diversas manchas de sangue, rios e rios de mortos, ainda há a zombaria de todas as vidas perdidas, e ainda, o silenciamento daquelas que ainda sobrevivem, mas dessa vez, sem comida à mesa e sem dignidade de viver por causa de todos os aumentos que vem acontecendo. Gasolina, gás de cozinha, supermercado, o mínimo do mínimo é negado, valorado e as vidas com seus direitos são menosprezados e banalizados. O auxílio emergencial que baixou drasticamente parece mais cortina de fumaça, ou quem sabe, uma busca de contentamento para quem já tem tão pouco – muitas vezes nada. 

Na concentração, centenas se preparam para o início do ato. Foto: José Félix

É com constante dor que o povo brasileiro resiste, universidades públicas vem cada dia mais sendo sucateadas e desprezadas, as verbas cada vez mais ridículas, afetando o funcionamento e manutenção de tais. A UFRJ é um grande exemplo dessa agonia, a universidade é referência no país e mesmo assim, está sobrevivendo de doações. 

A nossa UFRN não está muito melhor, já que os cortes vêm sendo recorrentes desde o início do mandato do Bolsonaro, quando a maior feira científica da instituição (Cientec) teve que ser cancelada em 2019 para que outras atividades de extensão e pesquisa continuassem a funcionar, mas em seu governo a situação está causando cada vez mais dores de cabeça para servidores e estudantes da universidade. Para o G1 RN, o reitor da UFRN, José Daniel Diniz Melo disse que “a situação é muito grave porque as universidades vêm tendo os seus orçamentos reduzidos a cada ano e os prejuízos são enormes para a educação e para a ciência do país”.

Cartazes, placas, bandeiras e adesivos expressaram a indignação do momento sombrio que estamos passando, dizeres como “Vida, pão, vacina e educação” eram recorrentes. Há ainda uma significativa sobre ir até as ruas mesmo em meio a uma pandemia: “Quando o governo se torna mais perigoso que o vírus, o povo vai às ruas! Fora Bolsovírus”. 

E no meio da multidão, ele não. Foto: José Félix

A concentração foi no Midway Mall às 15 horas, mas às 14h deu-se início a uma aula pública de frente ao Instituto Federal do Rio Grande do Norte, que contava com Samara Martins, Vice-Presidenta da UP; Júlia Souza, Diretora de Universidades Públicas da UEE/RN; Cida Dantas, Coordenadora Geral do SINTEST; e Letícia Catu, Coordenadora Geral do DCE/UFRN. 

A Coordenadora Geral do DCE/UFRN diz: “A gente costuma dizer que se o governo é mais letal que o vírus, a hora que de ir para a rua é agora né. Nas ruas é a nossa única chance de contra atacar e estabelecer a relação de poder para o lado da classe trabalhadora.”

“Tendo em vista a insuficiência alimentar que está acontecendo no Brasil, com o Brasil voltando para o Mapa da Fome (…)” Vale relembrar que o DCE José Silton Pinheiro junto aos Centros Acadêmicos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte arrecadaram e distribuíram 1 tonelada de alimentos em ação voltada para alunos universitários em insegurança alimentar. A ação-denúncia foi nomeada de Brigada Solidária. Para contribuir com a ação clique aqui.

E prossegue citando a recorrência de outros problemas enfrentados além da fome no Brasil: “centenas de milhares de brasileiros sem ter onde morar, cortes na educação, na saúde, com a violência policial nas favelas e nas periferias. Então tudo isso mostra que a política majoritária do Bolsonaro é de extermínio, principalmente dos que estão mais vulneráveis socioeconomicamente, então é muito importante que a gente organize a luta na rua e mantenha um calendário permanente de mobilização para derrotar Jair Bolsonaro e sua corja de fascistas” enfatiza Letícia Catu.

Se permanecer neutro neste cenário, enquanto um projeto de necropolítica acontece, é favorecer o opressor e apoiar o silêncio dos oprimidos, ser neutro também é um posicionamento. Quem luta contra esse sistema nas ruas (de forma segura) está certo, quem luta diretamente de sua casa está certo, quem está errado é quem se omite e julga aqueles que se põem em risco na busca por melhorias e luta pelas vidas que restaram, já se foram mais de 460 mil. Quantas mais serão perdidas nos próximos dias? Ninguém se coloca em risco por nada, se há o vírus e não há a negação de sua existência, fica claro que o medo de contaminação só não é maior que o medo da perda de mais pessoas por incompetência daqueles que ocupam os cargos de poder atualmente. Enquanto há vida, há luta. Então que haja vacina e vidas para lutar.

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