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Sociedade

Especial Mulheres: Empoderamento e voz no Hip Hop potiguar

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Neste mês, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, o Elo Jornal passa a publicar uma série de reportagens sobre mulheres, que se destacam em diversas áreas profissionais no Rio Grande do Norte, mas que se tornaram notáveis por conquistarem espaço, apesar de todo o preconceito, machismo e sexismo da sociedade. Mulheres fortes, determinadas, transformadoras.

Na segunda matéria de uma série de quatro que estão sendo publicadas todas as segundas, você vai conhecer um pouco mais a rapper Pretta Soul. Natalense de 29 anos, Jéssica Mayara, artisticamente conhecida como Pretta Soul, tem 17 anos de carreira na cena Hip Hop do estado.

Jéssica Mayara, artisticamente conhecida como Pretta Soul | Foto: Cedida

O racismo está presente o tempo todo! O assédio também anda junto. A gente sofre dentro de casa, sofre no trabalho, sofre na rua. É cansativo. (…) Todas as “indiretas”, só me fazem ter mais vontade de tocar o barco e mostrar o porquê de estar aqui.

Um dos mais antigos bairros de Natal, as Rocas fica próximo ao cais do porto e ao mar, e é celeiro artístico e cultural. É berço do samba e também do Hip Hop potiguar. Foi lá que Pretta Soul nasceu, de fato e artisticamente.

“Sou cria das rocas. Da minha infância lembro da vizinhança que sempre foi boa. As lembranças das brincadeiras na rua com meus amigos são inesquecíveis. Lembro também da rotina diária junto com minha mãe que trabalhava fora e eu tinha que acompanhá-la e acabava ajudando nas faxinas. Apesar das dificuldades, as lembranças são boas”, destacou.

O gosto pela música não demorou muito a surgir. Aos onze anos, começou no Hip Hop e não parou mais. “Comecei dançando break (b.girl),e já aos treze anos me tornei rapper do primeiro grupo feminino que se chamava “Dandaras do rap”.  Continuei no grupo por 5 anos. Depois, decidi seguir carreira solo e de lá pra cá não parei mais de cantar. Escolhi meu nome artístico juntando o que me representa, sendo mulher preta, e o soul por ser uma música de alma, ou seja, som de alma preta”.

Nas letras, Pretta deixa transparecer as influências do dia a dia, inspiradas pela luta da mãe Dona Célia, que criou os filhos sozinha e outras mulheres que sofrem com a opressão nos relacionamentos e na vida.

“Minha principal inspiração é ‘mainha’,  é dela que vem toda força do querer, de nunca desistir. Mas também me inspiro nas histórias que me são contadas pelas mulheres que atendo no meu Estúdio Afro, onde faço o trançado”, explicou.

As histórias renderam letras como da canção “Sou o que Sou”

Sou patricinha sim, sou maloqueira sim, mulher de atitude sim, 

sente o peso aí

não me importo com o que você pensa, a minha aparência não mexe com minha consciência

sei que te incomodo sim, com meu jeitinho assim

Você tira onda, quando tô com meu shortinho

me chama de piriguete só porque uso shortinho

eu sou mulher, fale o que quiser”

Mesmo com dezessete anos de carreira, Pretta relata que ainda enfrenta dificuldades. Ela conta que “por ser um estilo de música diferenciado,  muitos ouvintes e produtores ainda têm preconceito. Isso faz com que artistas do Hip Hop, independente do sexo, tenham poucas oportunidades”.  

“O racismo é presente o tempo todo! O assédio também anda junto. A gente que é mulher sofre dentro de casa, sofre no trabalho, sofre na rua. É cansativo. Mas, mesmo que o hip hop seja um estilo onde os homens ainda predominam, ou seja, machista, eu não me deixo calar. Todas as ‘indiretas’, só me fazem ter mais vontade de tocar o barco e mostrar o porquê de estar aqui.”

Pretta ainda destaca que a maior “resistência é ser mulher, preta e periférica, num país onde mais se mata mulheres pretas; onde os índices apontam que a cada 8 minutos uma mulher é estuprada; ou a cada 9 horas é vítima de feminicídio. E sendo eu, mulher preta,  mãe de uma menina de 13 anos, temo pela vida dela e das demais crianças”. 

Dia Internacional da Mulher

O dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, para mim, não é um dia de comemoração. Não se pode esquecer as milhares de mulheres assassinadas; não dá pra esquecer o machismo que ainda impera em nossa sociedade, as agressões diárias, físicas e psicológicas. O dia 8 de março, para mim, é mais um dia de luta e luto, resistência. 

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