Entretenimento
Análise de ‘A Maldição da Residência Hill’, lançada em 2018
Os componentes apresentados na obra “A Maldição da Residência Hill” possuem finalidades demarcadas que dão ênfase ao espectador, utilizando plano sequência para que o telespectador sinta os impactos dos personagens, os acompanhe durante a cena, fazendo como, de certa forma, quem esteja assistindo participe dos acontecimentos, vendo tudo o que está acontecendo. Esse plano serve para causar desajuste e agonia, é um forte elemento para obras com propósitos de surpreender e demarcar novas situações em filmes e séries de terror e suspense. A câmera objetiva junto a uma fotografia de impacto e boa trilha sonora fazem com que a obra seja atrativa, junto a um bom roteiro torna-se pouco provável a desistência do telespectador sobre o material produzido e disponibilizado. A obra aborda ainda uma linha do tempo que segue uma ordem ilusória ao telespectador, trazendo a história para o presente e para o passado, além de no passado mostrar uma espécie de previsão do que iria acontecer anos depois, essa transição faz com que os personagens fiquem em evidência a todo tempo, sem colocar foco em apenas um, cativando assim, o espectador e gerando certa empatia com todos da família Crain.
Mike Flanagan, criador da antologia “A Maldição” é um dos principais produtores do gênero, o terror como uma espécie de camuflagem do drama vivido na série, traz ainda pelos seus títulos o foco de cada episódio e como no conjunto esses títulos simplificam a história trabalhada.
A série consegue abordar as questões familiares muito além dos vícios dos personagens, como Theo e Luke, em relação ao alcoolismo e heroína, além de transtornos mentais e ansiedade, como ocorre com a Nell. Fazendo assim, com que os personagens possuam o vício por se ocultar de um problema maior, que na maioria das vezes é ocasionado por um trauma de infância.
Com um enredo que prende, e uma fotografia ocasionalmente escura, a série está trazendo ansiedade e perspectivas diferentes a cada espectador. Ao decorrer dos episódios a expectativa aumenta acerca dos irmãos Crain: Steven, Shirley, Theodora, Luke, Nell e também dos seus pais, e consecutivamente, sobre a casa. Com uma ordem atemporal, a série pode gerar alguma confusão – das boas – mas nada que o decorrer das cenas não cumpram com seu dever. Poderia classificar esta série como uma pipa e uma linha, sempre há algo que te faz ter o pé no chão, apesar de achar que você está com a cabeça nas nuvens e imaginando coisas. O conjunto é excitante, te faz ir em frente e não parar até o final da trama.
O foco narrativo de Residência Hill é diverso, explorando os planos que vão de detalhe à sequência, além do plano conjunto. É uma obra de terror que explora sentimentos e expressões além de transformá-las em um novo elo entre as obras do criador e seus espectadores, o Mike Flanagan costuma deixar suas marcas nas suas séries do gênero, querendo sempre abordar questões sócio-familiares à trama. Os efeitos psicológicos que circulam entre os personagens transformam a história como algo muito imaginativo. Mas que de certa forma pode nos fazer associar ou até cogitar como seria a vida após a morte, se seríamos de fato almas vagando, procurando algum consolo.
A personagem Nell passou todos os episódios sofrendo com a perseguição de uma alma, quando na verdade, aquilo era ela a avisando de tudo o que ocorreria, e todos os elementos casam com essa história, transformando tudo em intensidade e um emaranhado de histórias que eram bem mais antigas, unindo-se e transformando a casa em uma bola de neve de almas presas dentro de uma casa carnívora. O resto, como dizem, é confetti.