Esporte
Desértico ABC
Em partida de futebol paupérrimo, o ABC manteve a liderança, no entanto, ficou apenas no empate sem gols com o Central, que ainda não venceu na competição
É difícil classificar como futebol o que fizeram ABC e Central, no gramado do Frasqueirão, na noite da terça-feira, 6. Foram 90 minutos de suplício para o torcedor que suportou até o apito final uma das piores partidas do futebol brasileiro em 2020.
Em busca da manutenção da invencibilidade e da liderança, a equipe de Francisco Diá contou com a entrada de Felipe Alves entre os titulares, no lugar de Pedrinho. O Central, que ainda não havia vencido na competição — mas também não perdera — , armou sua óbvia estratégia defensiva e jogava por uma bola.
Analisando de maneira otimista, a partida era um duelo de invictos e ao apito final, pelos motivos errados, ambos mantiveram suas invencibilidades. Tanto ABC quanto Central abdicaram de jogar futebol e passaram 90 minutos tocando bola de lado.
1º tempo: o anti-futebol
O jogo todo foi muito ruim, mas o primeiro tempo foi tenebroso. A primeira vez que o ABC rondou a defesa adversária foi aos 10 minutos, num chute sem força nem direção de Berguinho, que se perdeu pela linha de fundo sem perigo nenhum para a meta da Patativa.
Daí até a próxima finalização se passou mais um sonolento abismo de nada. Somente aos 36 minutos, o Central chutou a primeira bola, mas por cima da meta de Rafael, e aos 42, a grande e rara oportunidade: Bruno cruzou e Valderrama livre, porém desequilibrado, cabeceou para fora e o 0 a 0 se manteve no péssimo primeiro tempo.
Imaginar que a etapa final pudesse ser pior que os primeiros 45 minutos era impossível. Aliás, até o cancelamento da partida teria sido melhor que o sofrível primeiro tempo sem gols e sem futebol de ABC e Central.
No entanto, mesmo não sendo pior — missão impossível, registre-se — , a etapa complementar foi ruim. Mesmo com as entradas de Pedro Costa e Hiago, logo no intervalo, o Alvinegro não melhorou e continuou sentindo falta do poupado Lelê.
2º tempo: não foi péssimo, mas foi bem ruim
Pior que não melhorar, o ABC começou o segundo tempo passando apuros no cabeceio de Filipe Costa, aos 3 minutos, e aos 14, Rafael defendeu o chute de Aruá. No minuto seguinte, o goleiro da Patativa, enfim, trabalhou no cabeceio de Berguinho, que parece ter acordado quando Diá já havia perdido a paciência e preparava a saída do atacante para a entrada de Pedrinho.
A produção ofensiva do ABC melhorou, mas nada que levasse o time da casa a abrir o placar tanto por não conseguir furar a retranca do Central, quanto por, nas poucas vezes em que conseguiram, ter visto seus jogadores falharem na pontaria.
Sem alcançar a área adversária, João Paulo usou o recurso do chute de longa distância e quase surpreendeu o goleiro Jerfesson, mas a bola passou raspando a trave.
Francisco Diá ainda testou as entradas de Bigode e Thyago nos lugares de Valderrama e Kesley, mas nada adiantou para dar mais velocidade e objetividade ao ABC.
O deserto de futebol permaneceu mesmo até o apito final e fez da noite de terça-feira no Frasqueirão, um modorrento 0 a 0, ou como escreveu o mestre Eduardo Galeano: “… sem gols, duas bocas abertas, dois bocejos”.
Para além do resultado, o desempenho é um sinal de alerta de que o ABC precisa repor as peças que o elenco perdeu após o título potiguar — Cedric, Paulo Sérgio e Jaílson — . Francisco Diá tirou coelhos da cartola na saída dos dois primeiros, mas sem Jaílson, o treinador dificilmente vai conseguir tirar leite de pedra e reorganizar o desmanchado ABC.
Como fica
Com o empate, o ABC somou um ponto e foi aos 8 e é o líder do grupo A4. Já o Central chegou aos 4 pontos e segue em sétimo lugar. Agora, o Alvinegro tem pela frente o confronto fora de casa — porém, ainda sem local definido — , contra o Potiguar de Mossoró, já a Patativa tem o Vitória da Conquista, em Caruaru, ambas as partidas acontecerão no domingo.