Opinião
Com um lado e com um dia!
Das agruras e delícias de ser jornalista
Bons jornalistas fazem bom jornalismo!
Assim como bons médicos, boa medicina.
Bons administradores, boa gestão.
Creio que não há quem não saiba a importância da comunicação.
É ela, entre outras coisas, que nos diferencia de nossas raízes primatas.
Comunicação é vida. Informação, também e um profissional responde por isso: o jornalista.
Hoje, sete de abril é o nosso dia, o dia para lembrar de nossa missão e responsabilidade cada vez maior, diante desses tempos de cólera, irracionalidade e polarização.
Temos uma das profissões mais estressantes do mundo. Há prazos e questões que transformam a jornada numa maratona diária, cujo único objetivo é servir à sociedade.
Antes, para ratificar algo, as pessoas diziam “eu li no jornal”, “deu no jornal”.
Hoje é bonito nos desacreditar.
Achar que por trás de toda e qualquer notícia há sempre, sempre interesses outros.
E há!
Desejamos ser condutores de uma sociedade mais justa, mais consciente, fazê-la pensar, cobrar seus direitos, exigir respeito.
O jornalista não é o veículo.
Ele trabalha para o veículo, e estes possuem suas escolhas editoriais. Assim é!
Jornalista também não é planta, também faz parte da mesma sociedade que deseja melhorar.
Pensa e tem opinião, como todo cidadão.
O problema é que hoje as pessoas não querem sorver informação, querem que alguém ratifique seu pensamento. Quando isso não ocorre procura de lupa algo nas entrelinhas das matérias e comentários, procura as ligações palacianas, vasculha as amizades.
O público quer exigir um lado: o seu lado.
Pois bem, dentro do nosso trabalho nós jornalistas temos um lado sim!
Não é de direita, não é de esquerda, é o lado que defende o direito universal a informação, o lado que oportuniza o outro a desenvolver seu senso crítico, a democraticamente defender sua opinião, não importando se ela combina, ou não, com a nossa.
Notícias confiáveis, checadas, oferecendo ampla visão do fato nunca importaram tanto.
Precisamos sobreviver? Precisamos, principalmente hoje em que há tantos aventureiros da comunicação, blogs e sites vergonhosos, alguns feitos por quem nunca nem pisou numa universidade.
Mas nós seguimos.
Atacados, ridicularizados, violentados na prática, por aqueles com um só desejo: ser voz única para todos os ouvidos.
Quem acredita numa sociedade justa, equilibrada em direitos e deveres deveria ser o primeiro a nos apoiar.
Guarde seu dedo para apontar aos que preferem espalhar fakes sobre nosso trabalho.
Procurem as maçãs podres são facilmente identificáveis.
Tem muito jornalista vendido, sem ética, que ri dos próprios colegas, que nega a profissão, que acha bonito dizer que prefere não ser isento. São minoria, amém!
Fato e notícia não têm lado.
A maioria de nós recebe pouco, dorme ruim, faz conta para saber o que vai pagar… mas esquece tudo quando vê sua matéria redonda e bem apurada contribuir para a mudança de duras realidades país afora.
O dever foi cumprindo.
Podemos voltar para casa, para nossa família, para as nossas íntimas certezas.
Nossa profissão é séria, com verdade não se brinca.
Receber hoje parabéns é bom, mas receber respeito, é bem melhor.
Um viva ao bom jornalismo e aos leitores, ouvintes e telespectadores, motivo maior de nossa existência