Saúde
Com aumento dos casos de doenças respiratórias no RN, especialista alerta para os riscos da automedicação
Segundo a Fiocruz, estado está com tendência de alta nos casos graves; uso inadequado de medicamentos pode agravar quadro clínico

O Rio Grande do Norte está entre os 12 estados brasileiros que apresentam tendência de crescimento nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), de acordo com o Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O relatório, que analisa dados da Semana Epidemiológica 25, correspondente ao período de 15 a 21 de junho , acende um sinal de alerta em um momento do ano em que doenças respiratórias costumam se intensificar devido às temperaturas mais amenas e ao aumento das chuvas.
Nesse cenário, cresce também um comportamento preocupante, a automedicação. De acordo com a professora Jéssica Nayane, docente do curso de Farmácia da Estácio, o uso de medicamentos sem orientação profissional, além de ineficaz em muitos casos, pode esconder o verdadeiro diagnóstico e comprometer o tratamento adequado.
“O problema é que a automedicação pode mascarar sintomas, dificultar o diagnóstico correto, causar efeitos colaterais graves e interações medicamentosas perigosas, sem contar o risco de agravar o estado de saúde do paciente”, alerta a especialista.
Um dos erros mais comuns é o uso indiscriminado de antibióticos para tratar sintomas de gripes e resfriados, doenças causadas por vírus e que não respondem a esse tipo de medicamento. “O uso inadequado de antibióticos contribui diretamente para o avanço da resistência bacteriana, um problema de saúde pública que pode tornar infecções futuras muito mais difíceis de tratar”, destaca a farmacêutica.
Além dos antibióticos, medicamentos amplamente disponíveis como anti-inflamatórios, antialérgicos e descongestionantes também merecem atenção. Pessoas com condições crônicas, como hipertensão, diabetes ou doenças gástricas, estão mais suscetíveis a reações adversas como taquicardia, insônia, sonolência, alergias e até intoxicações. O mesmo cuidado deve ser estendido ao uso de fitoterápicos e chás medicinais, frequentemente considerados inofensivos por serem naturais.
“A crença de que ‘o natural não faz mal’ é um equívoco perigoso. Muitos fitoterápicos possuem princípios ativos potentes, que podem interagir com medicamentos prescritos e causar efeitos indesejados”, explica Jéssica.
Diante de qualquer sintoma gripal ou respiratório, a recomendação é sempre buscar orientação profissional. A primeira alternativa deve ser a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima. Na ausência dessa possibilidade, o farmacêutico pode exercer um papel importante na triagem inicial, avaliando os sintomas, indicando condutas seguras e, quando necessário, encaminhando para atendimento médico.
“O farmacêutico é um agente essencial na promoção do uso racional de medicamentos. Ele contribui para evitar erros comuns na automedicação e atua como elo entre o paciente e o sistema de saúde”, finaliza a professora.
