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Internacional

Representante do ACNUR no Brasil destaca iniciativas esportivas como elemento de inclusão sociocultural de pessoas refugiadas

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No Dia Internacional do Esporte para o Desenvolvimento e a Paz, o Representante do ACNUR no Brasil, Davide Torzilli, destaca a visão e iniciativas da Agência da ONU para Refugiados sobre o esporte como elemento agregador de convívio pacífico entre refugiados e comunidade de acolhida

Para as pessoas deslocadas de forma forçada por conflitos, perseguições por diferentes naturezas e violação dos direitos humanos, a prática de esporte é muito mais do que uma atividade de lazer. É uma oportunidade de estar socialmente incluído, de se sentir protegido e pertencente a um grupo social, abrindo um caminho de convivência pacífica, trocas de experiências e de solidariedade entre seus praticantes.

O Representante do ACNUR no Brasil, Davide Torzilli, é praticante de snowboard, corrida e natação. Ele respondeu a algumas perguntas sobre a visão do ACNUR e de sua própria perspectiva sobre a relação entre atividades esportivas e a inclusão das pessoas refugiadas nas sociedades de acolhida.

De que forma a prática de atividades esportivas pode contribuir para a inclusão de pessoas refugiadas nas sociedades que as acolhem?

Para as pessoas deslocadas de forma forçada, que tiveram que deixar para trás seus lares em busca de proteção internacional em outros países, a prática de esporte é uma oportunidade de estar socialmente incluído, de se sentir protegido e pertencente a um grupo social, abrindo um amplo caminho de aprendizados, de novas sociabilidades e de respeito à diversidade. O ACNUR trabalha para utilizar todo o potencial das parcerias esportivas para apresentar a heterogeneidade da população refugiada, atentando-se aos recortes de idade, gênero, nacionalidade e crenças diversas para reforçar mecanismos de combate à discriminação e à desinformação. Uma vez que as pessoas refugiadas fazem parte de times, elas passam a pertencer efetivamente aos locais que as acolhem, evidenciando o quanto podem contribuir para o desenvolvimento de suas equipes, da localidade e da sociedade como um todo.

Como o ACNUR trabalha com empresas do segmento esportivo para que as pessoas refugiadas estejam contempladas em projetos relacionados aos esportes?

É importante dimensionar que a prática de atividades esportivas não necessariamente está condicionada aos esportes de alto rendimento e performance. Quando falamos de inclusão, falamos de oportunidades que são abertas ao experimento e o setor privado, os diferentes clubes esportivos de futebol, vôlei, basquete, atletismo entre tantas outras modalidades têm muito a contribuir. No final do ano passado o ACNUR lançou uma carta de solidariedade às pessoas refugiadas no Brasil, direcionada para que clubes e agremiações esportivas estejam engajadas em promover aos seus membros e torcedores informações sobre quem são as pessoas refugiadas, quais os desafios que enfrentam e de que forma elas superam tais dificuldades, desde que tenham oportunidades de prosperar e mostrar seus talentos. Além desse comprometimento por parte das empresas deste segmento, parcerias realizadas com a sociedade civil possibilitam que as pessoas refugiadas pratiquem atividades esportivas em diversas cidades, mesmo em abrigos localizados em Boa Vista e Pacaraima, no estado de Roraima. Para realização das ações que promovemos, o estreitamento de parcerias para ações conjuntas é essencial, considerando as trocas de experiências entre o ACNUR e os parceiros envolvidos. Estamos sempre abertos a discutir e fomentar novos caminhos para a integração de pessoas refugiadas.

Quais são alguns exemplos de atividades realizadas ou apoiadas pelo ACNUR no campo esportivo?

Sabemos que o esporte é um elemento que agrega muita visibilidade, gera muita identidade e tem o poder de superar os desafios que muitas das pessoas praticantes enfrentam em seus cotidianos. Com as pessoas refugiadas, essa é uma realidade muito presente e o universo solidário de praticar qualquer que seja o esporte tem muito a contribuir para o desenvolvimento de sociedades pacíficas e respeitosas. Um notório exemplo das ações que promovemos é ter a participação de pessoas refugiadas nos Jogos Olímpicos, ação esta realizada em parceria com os Comitês Olímpico e Paralímpico Internacionais, iniciado nos Jogos Rio 2016. Em um plano mais local, temos nos abrigos de Boa Vista/RR o projeto Fútbol Sin Fronteras, onde utilizamos o esporte como ferramenta de proteção, integração e inclusão, fornecendo elementos para que as crianças desenvolvam habilidades sociais e promovam valores que mitiguem os efeitos do ciclo de violência derivado do deslocamento forçado. Sob a perspectiva da inclusão, o ACNUR promove em Manaus/AM um torneio esportivo voltado para a comunidade refugiada e migrante indígena, promovendo o acesso a direitos ao envolver nas práticas os conhecimentos tradicionais sobre artesanato e dança em sua metodologia, assim como mapeamento das diferentes necessidades e demandas da comunidade. Novamente, os esportes abrem possibilidades para que as pessoas refugiadas possam se expressar de diferentes maneiras, contribuindo para fortalecer sua autoestima e o sentimento de pertencimento.

De que maneira atletas e personalidades do esporte podem contribuir com a causa dos refugiados?

O ACNUR trabalha com diversas personalidades do universo esportivo para que, por meio de sua influência ao utilizarem mensagens de apoio e solidariedade, possam ampliar o alcance das mensagens do ACNUR e trazer mais informações fidedignas sobre as pessoas refugiadas e também para as pessoas refugiadas, sendo uma via de mão dupla de responsabilidade social sobre os papéis que exercem em nossa sociedade. Temos diversos atletas que são apoiadores do ACNUR, como o jogador de futebol Alphonso Davies e a nadadora Yusra Mardini, entre tantas outras celebridades e influenciadores que se dedicam também a apoiar com muito afinco e dedicação ao tema dos refugiados. No Brasil, já realizamos diversos posts nas redes sociais do ACNUR com times de futebol e seus atletas, assim como realizamos campanhas que colocaram frente a frente pessoas refugiadas e atletas para que pudessem se conhecer e conversar virtualmente durante o período mais severo da pandemia de Covid-19. Em suma, reforço que todos nós temos muito a contribuir para assegurar os direitos e garantir meios dignos pelos quais as pessoas refugiadas possam contribuir para atingirem seus objetivos de vida, sendo o esporte e os atletas uma via de referência para esta construção.

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