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Sociedade

Dezembro Verde: demanda em abrigo de pets em Natal dobra por conta da pandemia

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Adoção é a melhor atitude para reduzir abandono

De acordo com dados do Instituto Pet Brasil (IPB), há cerca de 140 milhões de animais de estimação no país, sendo eles cães, gatos, aves, répteis, peixes e pequenos mamíferos. Porém, 3,9 milhões estão em condição de vulnerabilidade. Embora o abandono aos animais seja considerado crime no Brasil, ele continua ocorrendo. Por isso, o Dezembro Verde é o mês para se conscientizar sobre o assunto. 

Desde 1998, a Associação de Proteção aos Animais – Natal/RN (Aspan) encaminha adoções responsáveis por conta das colaboradoras do local. Em 2018, com uma nova administração, foi criado um abrigo para receber 58 animais de uma denúncia de maus tratos que ocorreu por anos e os pets não tinham para onde ir. Desde então, há dois cuidadores e uma lotação de 40 a 50 animais, que são examinados, tratados, socializados, castrados e vacinados, para que possam encontrar novas famílias. Mais de 500 cães devem ter passado pela associação. Apenas em 2020, foram encaminhadas 150 adoções.

Segundo dados da Aspan, com a pandemia a demanda dobrou: meses atrás eles chegaram a ter 110 animais, tendo que trazer dois auxiliares mais para dar conta. Atualmente, a entidade conta com 74 cães no local. “O número aumentou consideravelmente devido à pandemia e à crise econômica, como também à falta de políticas públicas voltadas aos animais e ausência de campanhas de conscientização e combate a assuntos como leishmaniose, vacinação, castração entre outros”, explica Geórgia Barbalho, integrante da Associação. 

A problemática desses abandonos é que, além dos pets não terem mais suporte, isso aumenta o número de atropelamentos, de cadelas prenhas e da proliferação de zooneses, como a cinomose ou leishmaniose.

A entidade também aponta que em algumas cidades chegou a 60% o aumento de animais nas ruas em contagens oficiais de órgãos responsáveis. Aqui, a Associação também registrou esse crescimento, por conta do número de animais nas ruas e os pedidos recebidos por mensagem. “São desde animais em situação de rua em sofrimento, quanto de pessoas querendo doar seus cães, porque perderam sua renda e não têm mais condições de cuidá-los. Até mesmo de raça. Border Collie, Fila, São Bernardo, Labrador, Pitbull, Shitzu”, afirma Geórgia.

É importante lembrar que animais domésticos que viveram suas vidas dentro de casa podem não sobreviver nas ruas. “Eles não sabem como procurar comida, até porque não há. São cães que dormiam tranquilos em suas casas, nas suas camas quentes e agora tem de sobreviver, buscar por alimento e água, se proteger, se defender, dormir atento ao relento, pegar chuva e sol sem amparo”, finaliza Geórgia.

Caso você esteja passando por um momento difícil e esteja cogitando não ficar mais com o seu pet, confira algumas dicas da Aspan:

– No momento de crise, é importante primeiro pensar em maneiras de manter seu animal até o momento difícil passar, pedindo ajuda. Fale com familiares. Em último caso, pense em doá-lo. O pet é um membro da família, como um filho que não é possível devolver;

– Se não houver alternativa, pense em uma adoção responsável, postando nas redes sociais ou conversando com amigos e familiares para que seu companheiro encontre um lar amoroso e responsável para não passar pelo trauma do abandono novamente;

Francisca e Loulou: adoção responsável cheia de amor

Durante 11 anos, 9 meses e 21 dias, Francisca de Oliveira, professora do Ensino Fundamental, teve uma companhia muito especial: uma cadela da raça lhasa apso, chamada Loulou Linda. Ela faleceu em junho deste ano devido a um carcinoma no pulmão e Francisca utilizou os serviços do Vila Pet, primeiro crematório pet do RN. Ela conta que elas duas compartilharam de uma amizade singular, cuidado especial, muita alegria e um amor incondicional inexplicável.

Francisca conta que, em 2008, quando adotou a Loulou Linda, uma Lhasa Apso, foi um momento muito especial e inesperado da sua vida. “Uma amiga de trabalho me sugeriu adotar Loulou, porque sua tutora estava de mudança pra Europa e, como não podia levá-la, precisava urgentemente encontrar alguém que gostasse de cachorro e tratasse bem o animal”, narra Francisca. 

Então ela foi conhecer a Loulou que, na época, tinha oito meses de vida. “No dia 22 de setembro de 2008, uma segunda-feira pela manhã, fui saber um pouco sobre sua história. Eu estava apreensiva, porque no prédio que morava havia uma certa restrição em relação aos pets. Mas decidi ouvir o coração e enfrentar o desafio de ter uma companhia de quatro patas”, explica. Empolgada, ela se dirigiu ao pet shop para comprar o enxoval da sua nova companheira. No dia seguinte, ela avisou à antiga tutora da Loulou que iria buscá-la. 

“Voltei para casa com o coração transbordando de alegria. Trouxe ela no colo, como se carrega um tesouro. Eu troquei a grafia do seu nome Lulu para Loulou, que é um perfume francês (que também se pronuncia Lulu) e acrescentei o Linda, um outro perfume. Mas ela era linda de verdade. Quem a via por fotos perguntava se era de verdade ou de pelúcia”, conta.

Francisca diz que adotar um pet é o melhor que poderia ter feito. “Você será ricamente recompensado, com alegria, amor, companheirismo. Melhora nossa saúde física e emocional. Isso o dinheiro não compra”, afirma Francisca. “Ter um pet foi uma experiência singular. Só compreende quem vive a situação. Para mim, ganhar Loulou Linda foi um presente do céu. Sou grata a Deus pelo tempo que ele me permitiu conviver e cuidar dela”.

Francisca ainda aconselha a quem não pode mais cuidar, que não abandone o pet. “Não seja cruel com um ser indefeso que só lhe amou sem pedir nada em troca. Procure doar para alguém que tenha condições de cuidar, zelar pelo bem-estar do animal. Que possa dar um pouco de conforto, principalmente se estiverem idosos ou doentes. As pessoas que tratam bem os animais, sejam seus ou não, são abençoadas porque eles também foram criados por Deus”, encerra.

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